O que a turma da Lava Jato pensa sobre o novo comando da PF
A avaliação dos investigadores sobre os nomes escolhidos pelo futuro governo tem um elemento surpreendente
atualizado
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Os delegados que estiveram à frente da finada Operação Lava Jato têm uma certeza quanto a seu futuro dentro da Polícia Federal: no governo Lula, seguirão no mesmo limbo ao qual foram condenados ainda no mandato de Jair Bolsonaro.
Até aí nenhuma surpresa, uma vez que, em caso de vitória do petista, já estava de certo modo precificada a caça às bruxas aos investigadores que o levaram à prisão.
Novidade mesmo é a avaliação que o núcleo duro da operação faz dos nomes anunciados até aqui para dirigir a PF. Nos bastidores, a turma tem feito elogios generosos ao futuro diretor-geral, Andrei Rodrigues, tido como um competente administrador, e a outros delegados anunciados para ocupar postos de comando.
No MJ, um inimigo
Se Rodrigues e sua equipe são vistos com bons olhos, o mesmo não pode ser dito em relação ao advogado Augusto de Arruda Botelho, escolhido para chefiar a Secretaria Nacional de Justiça, um dos principais braços do Ministério da Justiça.
As críticas ao nome de Botelho derivam do seu histórico de engajamento contra a Lava Jato — primeiro como advogado da Odebrecht, quando tentou desconstruir as apurações que envolviam a empreiteira, e depois como integrante do Grupo Prerrogativas, cuja articulação foi decisiva para virar o jogo em favor de vários dos investigados.
Embora não tenha ascendência direta sobre a PF, a SNJ é uma peça importante do aparelho estatal de investigação, especialmente a que envolve figuras poderosas e esquemas complexos de lavagem de dinheiro, porque é sob sua estrutura que estão, por exemplo, os instrumentos de intercâmbio de informações com órgãos estrangeiros — algo vital na megaoperação que mapeou o esquema de corrupção na Petrobras e em outras áreas da máquina federal.