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O papel do Exército na “Abin particular” de Bolsonaro

Polícia Federal vai mapear monitoramentos feitos pelos militares por meio do programa espião FirstMile

atualizado

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Hugo Barreto/Metrópoles
Soldados em frente a quartel do Exército observam pessoa de verde e amarelo
1 de 1 Soldados em frente a quartel do Exército observam pessoa de verde e amarelo - Foto: Hugo Barreto/Metrópoles

A Abin não foi o único órgão a contribuir com a máquina de arapongagem montada para atender a interesses políticos do governo de Jair Bolsonaro.

Fontes graduadas da agência afirmam, em privado, que a inteligência do Exército também foi demandada para a produção de informações destinadas ao entorno próximo do então presidente da República.

Os indícios da participação de militares no esquema estão ao alcance da Polícia Federal, que investiga a chamada “Abin paralela”.

Exército também usa programa espião

Um dos pontos de partida pode ser justamente o programa espião FirstMile, o mesmo que a Abin usou para monitorar desafetos do governo.

Assim como a agência, a inteligência do Exército também utilizava o software, de propriedade da empresa israelense Cognyte.

PF tem backup de consultas

A base de consultas feitas nos últimos anos pelos militares, obtida a partir da autorização que permitiu copiar os dados diretamente dos arquivos da Cognyte, também está em poder da PF e será analisada em breve, de acordo com investigadores a par do caso.

Oficiais de inteligência que acompanharam a atuação do grupo de Alexandre Ramagem na Abin sustentam que, paralelamente ao trabalho clandestino realizado dentro da Abin, havia uma espécie núcleo de inteligência militar a serviço de Bolsonaro e seu grupo.

Esse núcleo era formado por oficiais com histórico de serviços prestados ao poderoso Centro de Inteligência do Exército, o CIE, e que tinham ligação direta com o então gabinete presidencial.

Para além do FirstMile, a inteligência do Exército, vinculada diretamente ao comando-geral da corporação, possui uma série de outras ferramentas capazes de monitorar alvos selecionados.

Exército não comenta

A coluna perguntou oficialmente ao Exército, na quarta-feira passada, se o CIE contribuiu, de alguma maneira, para levantar informações de interesse do presidente, de seus filhos e de seus auxiliares.

Indagou também se há algum procedimento em curso na corporação destinado a apurar suspeitas nesse sentido.

Não houve resposta até a publicação desta nota.

 

Atualização — Já na manhã desta terça-feira, o Centro de Comunicação Social do Exército disse que, por impedimento legal, não poderá responder se o setor de inteligência da corporação contribuiu para levantar informações de interesse de Jair Bolsonaro e de seu entorno e se há algum procedimento interno para apurar suspeitas nesse sentido.

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