O outro motivo pelo qual Kátia Abreu foi barrada
A ex-ministra de Dilma Rousseff queria ser nomeada por Lula para a poderosa vice-presidência de agro do Banco do Brasil
atualizado
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Não foi só por causa da Lei das Estatais que Kátia Abreu deixou de ser nomeada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva como vice-presidente de agronegócio do Banco do Brasil.
Um segundo motivo, que o governo manteve sob reserva por envolver uma questão delicada e particular, vinha atravancando a nomeação e gerando certo constrangimento: a ex-ministra e ex-senadora, que é dona de propriedades rurais, tem dívidas agrárias que somam valores significativos.
Havia o temor, entre importantes auxiliares de Lula, de que o problema rendesse embaraços ou causasse polêmica em algum momento.
Oficialmente, a explicação para a desistência limitou-se à Lei das Estatais, que impede a nomeação para cargos públicos de pessoas que tenham parentes de até terceiro grau em funções executivas ou na direção de partidos. Kátia Abreu é mãe do senador Irajá Abreu, do PSD do Tocantins.
O esforço
Muito bem relacionada com petistas graúdos, como a ex-presidente Dilma Rousseff, a ex-ministra e ex-senadora vinha trabalhando intensamente para assumir o posto.
A cadeira estava vaga desde o início do governo e interessa muito a políticos que, como ela, têm laços com o agro. Neste ano, só no Plano Safra a vice-presidência terá R$ 200 bilhões para liberar para o setor.
À coluna, Kátia Abreu admitiu ter dívidas agrárias, mas negou peremptoriamente que isso tenha sido um empecilho. Disse que o governo desistiu da nomeação apenas em razão da Lei das Estatais.
“Tenho (dívidas agrárias), meu amor, mas não foi por isso que eu não assumi”, afirmou. “Não tenho nada atrasado, nada sem pagar.”
Não devo explicações
Em seguida, ela demonstrou irritação com as perguntas sobre o assunto antes de desligar abruptamente o telefone. “Quanto à minha vida pessoal, eu não tenho mandato mais para declarar para jornalista quanto eu devo, quanto eu ganho, quanto eu tenho, quantas cabeças de boi, quantos hectares de soja.”
“Eu não tenho essa obrigação mais, graças a Deus”, emendou a ex-ministra e ex-senadora, como se o assunto não fosse justamente a tentativa dela de ocupar um cargo no governo.
Antes de cavar a vaga no Banco do Brasil, Kátia Abreu tentou, também sem sucesso, se tornar ministra do TCU, o Tribunal de Contas da União.