O “Malvado Favorito” que incomoda os evangélicos na campanha paulista
A candidatura de Eduardo Cunha a deputado federal por São Paulo tem irritado o partido da Igreja Universal
atualizado
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A presença de Eduardo Cunha no palanque de Tarcísio de Freitas durante a convenção do Republicanos, realizada no último fim de semana em São Paulo, não apenas constrangeu o candidato de Jair Bolsonaro ao governo paulista como desagradou profundamente à cúpula do partido ligado à Igreja Universal.
O ex-presidente da Câmara trocou o MDB pelo PTB de Roberto Jefferson e mudou o domicílio eleitoral do Rio de Janeiro para São Paulo para tentar se eleger deputado federal novamente. Em julho, conseguiu uma liminar da Justiça que liberou sua candidatura mesmo após ter sido cassado em 2016 – até a decisão, ele estava inelegível.
Após uma longa temporada na cadeia em razão das investigações da Operação Lava Jato, Cunha foi solto há um ano, abraçou o discurso bolsonarista e adotou como mote de campanha seu papel decisivo, como presidente da Câmara, para tirar o PT do poder no processo de impeachment de Dilma Rousseff, em 2015.
O protagonismo no impeachment de Dilma lhe rendeu o apelido de “Malvado Favorito”, uma alusão ao vilão da famosa animação. Hoje, Cunha faz questão de propagar que é o “Malvado Favorito dos conservadores de São Paulo”.
Mas nem todos os “conservadores paulistas” estão satisfeitos com a sua chegada. Isso porque o ex-deputado tem costurado um amplo apoio evangélico, em especial da igreja Assembleia de Deus, o que virou uma ameaça para o Republicanos, comandado pelo deputado Marcos Pereira, bispo licenciado da Igreja Universal.
A legenda tutelada pelo bispo Edir Macedo vem em um crescente processo de distanciamento do presidente da República desde 2020, e o bolsonarismo encarnado por Eduardo Cunha e sua base evangélica agora mina o desempenho eleitoral da bancada de Pereira, ele próprio candidato à reeleição.
“É difícil prever como será o desempenho do Cunha em São Paulo, mas, certamente, vai tirar votos do Republicanos. O ambiente não está nada bom”, resumiu à coluna uma pessoa ligada ao comando do Republicanos.