No PL, até Flávio Bolsonaro fala em “apaziguar” relação com o STF
Rogério Marinho, virtual candidato do partido ao comando do Senado, evita o tema “impeachment de ministros”, apesar da pressão de alguns
atualizado
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Enquanto busca viabilizar sua candidatura à presidência do Senado, o senador eleito pelo PL Rogério Marinho tem mantido distância da narrativa de que, se eleito, dará andamento a pedidos de impeachment contra ministros do Supremo Tribunal Federal.
Marinho é ex-ministro de Jair Bolsonaro, crítico ferrenho de integrantes da Suprema Corte, em especial de Alexandre de Moraes, e vem daí a expectativa de aliados em torno da postura que ele poderia adotar uma vez eleito para o cargo.
É prerrogativa do presidente do Senado, que também comanda o Congresso, decidir se representações pedindo a cassação de ministros do STF devem ou não tramitar. O atual presidente, Rodrigo Pacheco, do PSD, não deu andamento a nenhum pedido.
Se senadores de raiz bolsonarista enxergam em Marinho a pessoa que pode engendrar uma eventual cruzada contra o Supremo, entre os integrantes da ala não-radical do PL, o partido de Bolsonaro, a discussão passa ao largo dessa possibilidade — e o próprio ex-ministro tem tratado de se descolar do tema.
A aliados, ele tem dito que impeachment de ministros do STF não pode ser bandeira de uma disputa pela presidência do Senado, nem funcionar como uma condicionante para o apoio dos demais colegas. O senador eleito tem ressaltado que o país precisa, neste momento, de pacificação e equilíbrio entre os poderes.
Flávio Bolsonaro: “Tem que apaziguar”
A opção pelo distanciamento do assunto se estende a outras figuras do partido, como o próprio filho do atual presidente da República, o senador Flávio Bolsonaro. À coluna, ele afirmou que a pauta do próximo presidente do Senado será definida de fevereiro em diante, e que pedidos de impeachment já feitos não estão na mesa de discussão.
“Isso não tem nem que estar na plataforma. Têm que estar outras coisas, como responsabilidade fiscal. São pautas programáticas. Não tem que ter aumento dessa tensão institucional. Pelo contrário, tem que apaziguar”, disse.
A questão não tem sido nem sequer conversada por Marinho com outros parlamentares em reuniões para tratar da sucessão de Pacheco.
Autor do último pedido de impeachment apresentado no Senado, contra o ministro Luís Roberto Barroso, o senador Eduardo Girão, do Podemos, disse que foi procurado por Rogério Marinho há cerca de 20 dias, e que na ocasião o ex-ministro evitou o assunto “impeachment de ministros”, ainda que tenha sido perguntado a respeito.
“Ele falou que era importante que houvesse harmonia e independência entre os poderes”, explicou.
O PL vai se reunir nesta quarta-feira, em Brasília, para lançar a candidatura de Marinho à presidência do Senado, como noticiou a coluna de Igor Gadelha.