metropoles.com

Minuta do golpe: deputados e senadores estavam na cena do crime

Van Hattem, Osmar Terra e Eduardo Girão estiveram na casa que sediou comitê de Bolsonaro e, depois das eleições, passou a ser o QG do Golpe

atualizado

Compartilhar notícia

Google News - Metrópoles
Metrópoles
Em montagem de fotos coloridas, o deputado federal Marcel Van Hattem, o senador Eduardo Girão e o deputado federal Osmar Terra
1 de 1 Em montagem de fotos coloridas, o deputado federal Marcel Van Hattem, o senador Eduardo Girão e o deputado federal Osmar Terra - Foto: Metrópoles

Nos dias em que o núcleo-duro do plano para manter Jair Bolsonaro no poder se esmerava para finalizar a minuta do decreto de golpe descoberta mais tarde pela Polícia Federal, o movimento na casa do Lago Sul de Brasília onde parte da estratégia foi traçada estava intenso.

Era final de novembro de 2022. No mesmo endereço havia funcionado o comitê de campanha de Jair Bolsonaro – bancado, obviamente, pelo PL. Após a derrota, por lá se mantiveram – bem operantes, como se diz no jargão militar – alguns dos mais importantes homens do (ainda) presidente.

Walter Braga Netto, o general que fora candidato a vice e tinha esperança na virada de mesa, era o chefão do QG, sempre ladeado pelo séquito de oficiais do Exército que o acompanhava.

O general recebia convidados freneticamente. A coluna montou campana na frente da casa e pôde atestar, à época, a conexão direta entre a turma que batia ponto no endereço e o acampamento montado na frente do Forte Apache, como é chamado o complexo no Setor Militar Urbano onde funciona o comando do Exército.

Em caminhonetes turbinadas e decoradas com bandeiras do Brasil, lideranças do acampamento chegavam e saíam com frequência. Tinham livre acesso à casa.

QG do golpe: casa que serviu de comitê de Jair Bolsonaro vira escritório para discutir estratégia contra eleições
QG do golpe: casa que serviu de comitê de Jair Bolsonaro virou escritório para discutir estratégia contra resultado das eleições

Além de Braga Netto, outro personagem relevante da trama golpista, Filipe Martins, costumava frequentar o QG no Lago Sul. Assessor especial de Bolsonaro, Martins foi o responsável, segundo a Polícia Federal, por alinhavar a minuta do decreto do golpe.

Uma vertente que, ao menos publicamente, ainda não entrou na alça de mira dos investigadores e que merece ser devidamente esquadrinhada envolve a participação de parlamentares bolsonaristas na maquinação que resultou no decreto.

A PF crava que a primeira minuta do texto foi apresentada a Jair Bolsonaro no dia 19 de novembro, um sábado, no Palácio da Alvorada. Aquela semana havia sido especialmente movimentada na casa. Deputados e senadores bolsonaristas haviam passado por lá – e para discutir justamente maneiras de colocar o resultado das urnas em xeque.

Na quinta-feira, dia 17 (dois dias antes de a primeira versão do decreto ser levada a Bolsonaro no Alvorada), passaram pela casa os deputados federais Marcel Van Hattem (Novo/RS) e Osmar Terra (MDB/RS), conhecidos apoiadores do então presidente que, àquela altura, estavam engajados no movimento para emparedar o Tribunal Superior Eleitoral e questionar a higidez das urnas.

Senadores bolsonaristas também foram ao “QG do Golpe” naquele dia. Entre eles, Guaracy Silveira (PP/TO), suplente de Kátia Abreu que estava no exercício do mandato, e o cearense Eduardo Girão (à época no Podemos) – este, aliás, teria sido o responsável por levar outros congressistas, como Van Hattem, para falar com o general Braga Netto.

A explicação para os encontros na casa era praticamente a mesma para todos: disseram, depois, que foram ao QG discutir a auditoria das urnas que o PL havia encomendado a uma empresa particular e às Forças Armadas.

Embora estivessem todos pessoalmente envolvidos na estratégia de lançar suspeitas sobre o processo eleitoral, eles até podiam estar falando a verdade sobre o motivo da visita, e não é de se descartar que não tenham tido nenhuma participação na elaboração da minuta de decreto do golpe. Só que, sob a perspectiva do que se sabe agora, a partir do avanço das investigações, isso precisa ser minuciosamente averiguado pelas autoridades competentes.

Com tudo o que tem em mãos (mensagens, áudios e outros registros apreendidos), e diante da possibilidade de interrogar quem estava metido até o pescoço na trama, a Polícia Federal poderá ligar os pontos e, quem sabe, avançar e descobrir que a maquinação para anular o resultado das eleições, prender Alexandre de Moraes e esticar a permanência de Jair Bolsonaro no poder ia bem além dos personagens que já foram mapeados.

Não é trivial que, para além dos militares leais a Bolsonaro e dos conhecidos auxiliares do então presidente, parlamentares em pleno exercício de seus mandatos no Congresso Nacional tenham frequentado o epicentro da estratégia que pretendia subverter a democracia no país.

Quais assuntos você deseja receber?

Ícone de sino para notificações

Parece que seu browser não está permitindo notificações. Siga os passos a baixo para habilitá-las:

1.

Ícone de ajustes do navegador

Mais opções no Google Chrome

2.

Ícone de configurações

Configurações

3.

Configurações do site

4.

Ícone de sino para notificações

Notificações

5.

Ícone de alternância ligado para notificações

Os sites podem pedir para enviar notificações

metropoles.comNotícias Gerais

Você quer ficar por dentro das notícias mais importantes e receber notificações em tempo real?