Ministro distribui retratos de si próprio para serem expostos em repartições sob seu comando
O capricho do chefe da pasta da Ciência e Tecnologia se dá a pouco mais de três meses do fim do atual governo. Quem paga é o contribuinte
atualizado
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Semanas atrás, o staff do gabinete do ministro da Ciência, Tecnologia e Inovações, Paulo Alvim, fez um esforço concentrado para despachar para todos os órgãos ligados à pasta, incluindo unidades de pesquisa espalhadas pelo país, cópias e mais cópias de um vistoso retrato colorido, impresso em papel brilhante.
Eram nada menos que fotografias do ministro, para serem emolduradas e expostas em lugar de destaque nas repartições. No retrato oficial, o mesmo que é exibido com destaque no site do ministério, Alvim aparece à frente de uma bandeira do Brasil.
As cópias começaram a chegar nesta semana às repartições e, em algumas delas, geraram um misto de vergonha alheia e constrangimento, segundo relatos ouvidos pela coluna. Vergonha pela medida um tanto demodê, típica de regimes autoritários, e constrangimento porque ignorar o retrato e deixar de pendurá-lo pode virar motivo de retaliação.
O mais curioso é que, noves fora o resultado das eleições presidenciais do próximo mês, faltam pouco mais de três meses para acabar o atual governo, mas nem isso fez os burocratas subordinados ao ministro em Brasília pensarem duas vezes antes de mandar imprimir as fotografias e enviá-las para dezenas de órgãos, em diferentes estados, onde trabalham centenas de pesquisadores e cientistas. Não se sabe, até o momento, quanto o capricho custou aos cofres públicos.
Paulo Alvim assumiu o ministério em 31 de março, no lugar do astronauta Marcos Pontes, que deixou o posto para se candidatar ao Senado por São Paulo. Engenheiro civil, até então ele ocupava um cargo de segundo escalão, o de secretário de Inovação. O culto à personalidade do ministro tem precedentes na pasta. Antes de Alvim, o próprio astronauta já havia enviado seu retrato para as repartições públicas vinculadas ao ministério.