Lewandowski no MJ: para ministros, é déjà vu de Moro com sinal trocado
Virtual nomeação do ex-ministro do STF para o lugar de Flávio Dino tem sido duramente criticada nos bastidores do Judiciário
atualizado
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Sob absoluta reserva, a virtual nomeação de Ricardo Lewandowski como chefe do Ministério da Justiça de Lula tem sido alvo de críticas pesadas de ministros de tribunais superiores.
Alguns comparam o caso ao de Sergio Moro no governo Bolsonaro, só que com sinal invertido.
Um desses ministros chegou a dizer, durante uma conversa nesta semana em Brasília, que a situação de Lewandowski é até pior porque a maioria das decisões de Moro contra Lula e o PT foram expedidas quando a candidatura de Bolsonaro ao Planalto ainda era só um plano mirabolante no qual poucos acreditavam.
Já no caso de Lewandowski, ainda segundo o mesmo magistrado, como ministro do STF ele assinou uma série de despachos que favoreceram diretamente o atual presidente. Integram a lista decisões que determinaram o trancamento de ações penais que Lula respondia e a anulação das provas do acordo de leniência da Odebrecht.
Desabafo de amigo
“É escandaloso”, desabafou o ministro em uma conversa com colegas, lembrando ainda que, após deixar o Supremo, Ricardo Lewandowski passou a advogar em favor da JBS, conhecida cliente dos tribunais brasilienses.
Detalhe: assim como outros togados que estavam no papo, o ministro que fez as críticas tem ótima relação com o próprio Lewandowski.
Como é sabido, Sergio Moro assumiu o Ministério da Justiça no início do governo de Jair Bolsonaro, depois de ter comandado a Operação Lava Jato, que prendeu Lula. Lewandowski, que deixou o STF em abril do ano passado, é o principal cotado para ocupar a mesma cadeira, no lugar de Flávio Dino.