Delegado ligado a Moro embarca para “exílio” da PF nos EUA
Maurício Valeixo fará um curso de dois anos na capital americana
atualizado
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Diretor-geral da Polícia Federal nos tempos em que Sergio Moro era ministro da Justiça, o delegado Maurício Valeixo vai finalmente ganhar a temporada no exterior que lhe havia sido prometida.
Ao deixar a direção — a saída dele foi o estopim da crise que resultou na saída de Moro do primeiro escalão de Jair Bolsonaro –, Valeixo ouviu do governo a promessa de que ganharia uma posição na embaixada do Brasil em Lisboa.
A vaga, porém, nunca veio. O delegado acabou escanteado internamente. Foi alojado em funções burocráticas na sede da PF em Curitiba, sua cidade de origem.
Recentemente, Valeixo recebeu a notícia de que seria contemplado com uma temporada em Washington, para um curso de dois anos no Colégio Interamericano de Defesa.
A instituição é a mesma na qual serão matriculados também Jean Coelho e Allan Rebello, os dois ex-diretores da Polícia Rodoviária Federal exonerados nesta terça-feira.
Embora as demissões de Coelho e Rebello tenham chamado a atenção pela crise em curso na PRF, o governo negou que a saída da dupla tenha relação com a morte de Genivaldo de Jesus Santos dentro de uma viatura e com a operação no Rio de Janeiro na qual morreram 23 pessoas.
Já Maurício Valeixo foi exonerado do posto mais importante da Polícia Federal em abril de 2020, na esteira de queixas de Jair Bolsonaro sobre a atuação da corporação — à época, o presidente queria que a PF atuasse mais alinhada aos interesses do governo.
Valeixo era homem de confiança de Sergio Moro. Antes de ser alçado à direção da Polícia Federal pelas mãos do ex-juiz, logo no início do governo, ele havia sido chefe da PF no Paraná no auge da Operação Lava Jato.
O delegado viajará para a capital americana nas próximas semanas.
Enquanto Valeixo vai, outro delegado importante da Lava Jato faz o caminho inverso. Márcio Adriano Anselmo, responsável pelas investigações que deram origem ao escândalo do petrolão, está voltando.
Márcio Anselmo foi para os Estados Unidos justamente na época em que delegados ligados à operação estavam sendo defenestrados de postos de comando. Ele passou os últimos dois anos em Washington, no mesmo colégio do qual Valeixo será aluno — internamente, a posição na capital americana passou a ser conhecida como um confortável “exílio” para os policiais que o governo quer ver longe.