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FAB se esquiva e não revela custo de voos de Bolsonaro na campanha

Militares dizem que só o Planalto e o PL podem responder. Mistura entre campanha e agenda oficial pode gerar prejuízo aos cofres públicos

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Marcos Corrêa/PR
Jair Bolsonaro no avião presidencial da FAB - Metrópoles
1 de 1 Jair Bolsonaro no avião presidencial da FAB - Metrópoles - Foto: Marcos Corrêa/PR

A Força Aérea Brasileira se recusa a responder o número e o custo dos voos que fez até agora para transportar o presidente Jair Bolsonaro para eventos de campanha.

Por lei, como está no exercício do cargo, Bolsonaro tem o direito de usar aeronaves oficiais em suas viagens para compromissos da corrida eleitoral, mas os cofres públicos têm de ser ressarcidos por seu partido, o PL.

A coluna perguntou à FAB quantos e quais voos foram feitos para agendas de campanha de Bolsonaro, qual o custo de cada um deles e quais critérios estão sendo utilizados para a cobrança do ressarcimento.

A resposta, porém, foi evasiva, bem em linha com o que costuma ocorrer quando as Forças Armadas são indagadas acerca de assuntos relacionados ao presidente — provavelmente pelo temor de se envolverem em qualquer desgaste com Bolsonaro, elas quase sempre passam a bola para o Palácio do Planalto.

Inicialmente, a FAB informou que não conseguiria responder aos questionamentos na data solicitada. A seção de comunicação da corporação informou que os dados deveriam ser solicitados ao Gabinete de Segurança Institucional da Presidência da República, que também passou a tarefa adiante.

“Em relação à reiteração de parte de sua demanda, informamos que dados mais precisos sobre o número de voos, com os respectivos ressarcimentos à União, devem ser solicitados à Secretaria de Controle Interno/SG da Presidência da República e ao próprio Partido Político”, diz o texto enviado pelo GSI ao repórter.

Indagada, a Secretaria de Controle Interno da Secretaria-Geral da Presidência ainda não forneceu os números.

A falta de informações claras e precisas sobre os gastos com eventos do presidente durante a campanha — com a devida separação entre o que é oficial e o que tem fins eleitorais — tem gerado uma zona cinzenta com grande potencial de os cofres públicos não serem devidamente ressarcidos.

No feriado de 7 de Setembro, por exemplo, Bolsonaro viajou ao Rio para um ato cívico-militar que se transformou em comício eleitoral, a exemplo do que havia ocorrido horas antes na Esplanada dos Ministérios, em Brasília.

A viagem, assim como o evento na capital federal, mobilizou a imensa estrutura de segurança e logística empregada costumeiramente nas viagens presidenciais. Em documento protocolado nesta terça-feira no Tribunal Superior Eleitoral, porém, a campanha de Bolsonaro declarou ter gasto apenas R$ 30 mil reais com os atos nas duas cidades.

O valor claramente abaixo do que se esperava sugere que a maior parte das despesas ficará pendurada no erário, sob o argumento de que parte dos compromissos envolvia a agenda oficial do presidente. Ou seja: também nessa frente, a ideia é confundir.

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