Exclusivo: Abin monitorou auxiliar da campanha de Ciro Gomes
Dirigente do PDT em São Paulo, alvo dos arapongas também ajudou a organizar atos pelo impeachment de Jair Bolsonaro em 2021
atualizado
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Entre as centenas de alvos monitorados pela Abin no período em que a agência xeretou adversários do governo há um dirigente do PDT em São Paulo que ajudou a organizar em 2021 manifestações que pediam o impeachment de Jair Bolsonaro e, no ano seguinte, trabalhou na campanha presidencial de Ciro Gomes.
José Vitor de Castro Imafuku (à esq. na foto em destaque) é formado em tecnologia da informação, ocupa o cargo de secretário-adjunto do diretório municipal do partido na capital paulista e assessora uma central sindical, a CSB, Central dos Sindicatos Brasileiros.
O telefone celular de Imafuku foi monitorado por meio do software espião FirstMile, usado pela chamada “Abin paralela” para mapear os passos de pessoas consideradas inimigas do governo à época.
Campanha de Ciro e protestos contra Bolsonaro
O interesse da Abin em Vitor Imafuku pode ser explicado pelo fato de ele ter ajudado, como dirigente do PDT e representante da CSB, a organizar três manifestações contra Jair Bolsonaro em 2021.
Além disso, em 2022 ele esteve envolvido diretamente com o comitê da campanha presidencial de Ciro Gomes em São Paulo e chegou a acompanhar o então candidato do PDT em vários compromissos na capital paulista.
Como assessor da CSB, Vitor Imafuku trabalha com Antonio Neto, presidente da central sindical, que também dirige o PDT em São Paulo.
Protesto com o MBL
Em uma das manifestações pelo impeachment de Bolsonaro, puxada pelo MBL, o Movimento Brasil Livre, Imafuku foi designado pelo comando local pedetista para negociar a participação de Ciro.
Ele esteve em duas reuniões com o MBL para tratar do protesto, realizado na avenida Paulista em 12 de setembro de 2021. Ciro Gomes participou, de fato, da manifestação.
Antes de passar a trabalhar na central sindical, Imafuku foi funcionário da área de tecnologia da TV Globo.
À coluna, ele não se mostrou surpreso com a notícia de que foi alvo da Abin. “Estou sabendo disso agora, e recebo essa notícia com indignação, mas não com surpresa, justamente por causa da minha atividade profissional e do enfrentamento que fizemos ao Bolsonaro. A gente já imaginava que poderia ter sido vítima de perseguição”, afirmou.
Alvos no atacado
Pelo menos 1,5 mil pessoas foram monitoradas pela Abin no período em que a agência usou o software espião israelense FirstMile, que permite mapear os passos dos alvos a partir do rastreamento de seus telefones celulares.
Os agentes com acesso ao sistema, entre eles os que serviam à chamada “Abin paralela”, agora investigada pela Polícia Federal, fizeram mais de 60 mil consultas. Em 21 mil situações foi possível descobrir a localização dos alvos.