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Corregedoria da Caixa diz ter enfrentado obstáculos internos em apuração de assédio

Relatório que corrobora os relatos de funcionárias também diz que Pedro Guimarães, ex-presidente do banco, resistiu a colaborar

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Rafaela Felicciano/Metrópoles
Pedro Duarte Guimarães presidente da caixa economica federal no governo Jair Bolsonaro
1 de 1 Pedro Duarte Guimarães presidente da caixa economica federal no governo Jair Bolsonaro - Foto: Rafaela Felicciano/Metrópoles

O relatório final da investigação interna conduzida pela Corregedoria da Caixa para apurar os casos de assédio sexual e moral que envolvem o ex-presidente do banco Pedro Guimarães aponta que diferentes áreas da instituição dificultaram a apuração. O documento também menciona a resistência do próprio Guimarães em colaborar.

Com independência funcional, ao menos no papel, para conduzir apurações sobre malfeitos dentro do banco sem correr risco de sofrer represálias, a equipe de dez funcionários que trabalhou no caso escreveu que esbarrou em “obstáculos, ou mesmo impedimentos, para obter determinados subsídios requeridos por meio de diligências encaminhadas às áreas da Caixa, bem como ao ex-presidente Pedro Guimarães”.

O relatório diz que, após a eclosão do escândalo, revelado pela coluna em junho, a Corregedoria pediu acesso às imagens de câmeras de segurança da garagem da Caixa, do elevador privativo usado pelo então presidente e dos corredores por onde circulavam Pedro Guimarães e outros dirigentes.

A área responsável por guardar as imagens, a Suseg, alegou limitações técnicas e pediu prazo maior para cumprir a solicitação, que só foi atendida cinco dias depois. Nem todas as imagens, porém, foram entregues.

O problema motivou uma reunião entre as duas áreas da Caixa, na qual a Corregedoria esclareceu que queria “a integralidade de todas as imagens, sem cortes ou edições, para análise por forense”.

A íntegra dos arquivos do circuito interno só foi entregue um mês depois do pedido inicial, em 3 de agosto, mas ainda assim com sobreposição de imagens, o que resultou em perda de arquivos, segundo o relatório. O documento, obtido pela coluna, ainda chama atenção para o fato de, um dia depois de os arquivos serem entregues, Pedro Guimarães ter pedido as mesmas imagens.

A busca pelos celulares

A Corregedoria também não conseguiu acesso ao celular funcional de Pedro Guimarães. “Constatou-se a ausência de 5 (cinco) aparelhos celulares utilizados pelo ex-presidente Pedro Guimarães”, diz o relatório. Cobrado pela equipe, Pedro Guimarães informou que não sabe os números dos celulares corporativos que usou e não se recorda de ter assinado o recebimento dos aparelhos.

“Prática reiterada”

Com mais de 50 depoimentos e cerca de 500 páginas, o relatório da Corregedoria corrobora as denúncias de assédio. O documento foi entregue à direção do banco e também ao Ministério Público Federal, ao Ministério Público do Trabalho, à Controladoria-Geral da União e à Comissão de Ética da Presidência da República.

“Dos fatos relatados pelos entrevistados e depoentes, corroborados pelos demais elementos de prova, é possível afirmar que há indícios de práticas irregulares de índole sexual. E ao que tudo aponta, teriam sido praticadas de forma reiterada e se utilizando das mais variadas formas de expressão (física, gestual ou verbal) e valendo-se, inclusive, e em especial, da condição de presidente da empresa”, concluiu a equipe da Corregedoria.

Em relação ao assédio moral, o documento afirma que “os relatos expõem a instauração de uma gestão pautada na cultura de medo, comunicação violenta, insegurança, manipulação, intransigência e permissão ao assédio”.

O relatório recomenda à direção da Caixa que, em caso de eventuais prejuízos decorrentes do comportamento de Pedro Guimarães ou outros empregados, o banco deve cobrar deles a reparação dos gastos. Uma ação movida pelo Ministério Público do Trabalho cobra de Guimarães o pagamento de R$ 30 milhões pelos casos de assédio, além de pedir que o banco pague R$ 300 milhões.

À coluna, a defesa de Pedro Guimarães disse repudiar “a forma com que os trabalhos de investigação foram conduzidos pela Corregedoria da Caixa”.

Afirmou ainda que chegou a questionar a “evidente parcialidade” do trabalho da comissão, “registrando a falta de isenção na formulação de perguntas e na solicitação de documentos, que tinham por objetivo corroborar conclusões já existentes”.

“As conclusões da Corregedoria da Caixa Econômica Federal, alcançadas em procedimento no qual foram desrespeitados os mais básicos princípios de isonomia e isenção por parte dos integrantes da comissão, pouco contribuem para o esclarecimento das apurações”, diz nota assinada pelo advogado José Luis Oliveira Lima.

A Caixa enviou nota na qual afirma que “não tolera nenhum tipo de desvio de conduta por parte dos seus dirigentes ou empregados” e que “fortaleceu a governança do banco para investigar denúncias, proteger denunciantes e empregados do banco, bem como a própria Instituição”.

O texto diz ainda que não cabe ao banco “se manifestar sobre processo de investigação sigiloso encaminhado às autoridades competentes”.

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