Convescote com ministros de tribunais acabou em cassino
Evento, em Portugal, foi custeado por empresas e bancas de advocacia com causas bilionárias em andamento no Judiciário brasileiro
atualizado
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Casas de jogos são proibidas no Brasil. Mas, fora das fronteiras do país, obviamente, não há nada que impeça brasileiros de se aventurar em roletas, bancas francesas e naquelas inconfundíveis máquinas caça-níqueis.
O curioso é quando um congresso com a participação de uma parcela relevante da nata do Poder Judiciário nacional inclui, em sua programação oficial, um encontro de togados nas dependências de um cassino — sim, um evento de juízes dentro de um cassino.
Foi exatamente assim o jantar de encerramento de um fórum organizado semanas atrás no Algarve, em Portugal, pelo Instituto Brasileiro da Insolvência, o Ibajud.
Como mostrou o repórter Luiz Vassallo, do jornal O Estado de São Paulo, o fórum por si já chamava atenção por reunir ministros de Cortes superiores, desembargadores e juízes em um resort com despesas pagas por um banco e escritórios de advocacia interessados em causas bilionárias que, em muitos casos, dependem da caneta desses mesmos magistrados.
O convescote, a exemplo de muitos outros que levam juízes brasileiros para rodadas de palestras na Europa e servem como oportunidade de passear sem gastar dinheiro do próprio bolso, levantou mais uma vez o debate sobre os limites desse tipo de evento — há que se discutir, no mínimo, a existência de conflito de interesses.
O que não se sabia é que o fórum foi encerrado com um animado jantar no Cassino Vilamoura, um dos mais conhecidos da região (veja abaixo o vídeo de divulgação do evento, enviado para os participantes). Na programação de encerramento, além de drink de boas vindas e jantar, havia ainda um show.
Entre os convidados para palestrar no fórum estavam o ministro Ricardo Lewandowski, do Supremo Tribunal Federal (STF), e os ministros do Superior Tribunal de Justiça (STJ) João Otávio de Noronha, Marco Buzzi, Paulo de Tarso Sanseverino, Moura Ribeiro, Raul Araújo, Ricardo Cueva, Ribeiro Dantas e Gurgel de Faria.
A lista incluía, ainda, outros 14 magistrados de instâncias inferiores.