“Auditoria” do PL: novo ataque às urnas foi premeditado há meses
Proposta de grupo escolhido pelo partido já antecipava que a “auditoria” serviria para impulsionar o discurso de Bolsonaro contra o TSE
atualizado
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A equipe escolhida pelo partido de Jair Bolsonaro para auditar as urnas sabia bem o que concluiria antes mesmo de realizar o trabalho. O plano já era, desde o início, atacar o sistema de votação do Tribunal Superior Eleitoral.
É o que mostra uma proposta enviada à direção do PL pelo Instituto Voto Legal ao oferecer o serviço, em junho.
Escolhido pela ala mais radical da campanha de Bolsonaro, o instituto não foi contratado diretamente porque foi vetado pelo TSE ao ser indicado como representante do partido do presidente para fiscalizar as urnas.
Como alternativa, porém, o serviço foi fechado com quatro engenheiros ligados à entidade, contratados como consultores.
A proposta enviada ao comando do PL, obtida pela coluna, já antecipava as linhas gerais da nota divulgada nesta quarta-feira pela legenda com ataques às urnas e ao sistema eletrônico de votação.
Entre os pontos da nota que a proposta já antecipava estão questionamentos acerca do código-fonte das urnas e da possibilidade de recontagem de votos após a divulgação do resultado oficial das eleições.
Estratagema do bolsonarismo
A coluna adiantou, em 12 de setembro, que a contratação dos engenheiros era uma estratégia da ala mais radical do QG de campanha de Bolsonaro para dar combustível ao discurso inflamado do presidente contra as urnas. Procurado na ocasião, o PL se negou a informar por quanto os engenheiros foram contratados.
Nesta semana, o TSE reagiu fortemente à nota do partido. A Corregedoria do tribunal pediu explicações. Quis saber se o serviço foi pago com recursos do fundo eleitoral.
Já nesta quinta-feira, o presidente da Corte, ministro Alexandre de Moraes, deu 48 horas para o partido apresentar as notas fiscais da contratação da auditoria e explicar a origem do dinheiro usado para custeá-la.