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Após se descolar de Bolsonaro, Cid pode ser “premiado” pelo Exército

Tenente-coronel, que fechou acordo de delação, está mais próximo da cúpula da corporação e (bem) mais distante do estado-maior bolsonarista

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Alan Santos/PR/Divulgação
Bolsonaro e Mauro Cid
1 de 1 Bolsonaro e Mauro Cid - Foto: Alan Santos/PR/Divulgação

Depois que topou fazer um acordo de delação premiada para contar o que viu e fez nos tempos em que esteve ao lado de Jair Bolsonaro, o tenente-coronel Mauro César Cid se aproximou sensivelmente da atual cúpula do Exército.

Na prática, entre ficar ao lado do ex-presidente, enredado em uma série de investigações, e recorrer à segura rede de proteção oferecida pela caserna, o ex-faz-tudo de Bolsonaro preferiu a segunda opção.

A mudança de postura, acompanhada da decisão de ir adiante com a delação, ocorreu a partir de costuras feitas pelo pai dele, o general da reserva Mauro César Lourena Cid, com o comando do Exército.

Também arrastado para o centro do escândalo, Lourena Cid é benquisto entre seus pares do generalato. Ao perceber que o filho e ele próprio estavam em perigo, entendeu que a melhor opção era se descolar do bolsonarismo, recorrer ao código de honra da farda e acionar o pedido de socorro.

A busca por advogados não-alinhados ao estado-maior bolsonarista foi a primeira medida da estratégia. Mas não parou aí. Se, até recentemente, era o staff do próprio Jair Bolsonaro que fazia contatos para falar em favor de Cid no circuito que importa em Brasília, agora são oficiais do próprio Exército que cumprem essa tarefa, nos bastidores — e em nome da corporação.

Bolsonaro magoado

Bolsonaro sentiu. Entre as pessoas do seu entorno, já não faltam adjetivos pouco ou nada elogiosos para se referir a Mauro Cid, o ex-ajudante de ordens, e sobram críticas contundentes à postura do pai, que cortou por completo os canais de comunicação. Com Cid filho também não há qualquer interlocução, nem mesmo por vias transversas, garante uma pessoa próxima.

Teoricamente, os contatos com Jair Bolsonaro não poderiam mesmo existir porque o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal, os proibiu. É sabido que em situações assim é comum as partes mandarem e receberem recados. Mas nem isso tem acontecido. Já estava assim pouco antes da delação. Ficou pior depois.

Ainda que discreta, a aproximação do clã Cid de um comando do Exército que agora é mais alinhado a Lula e está menos exposto à influência de Bolsonaro, pode render dividendos que vão além dos benefícios legais previstos no acordo de delação.

Entre os próprios oficiais há quem acredite que o ex-ajudante de ordens, enrolado em diversas frentes, pode se livrar não apenas da cadeia, mas também do risco de perder a farda no futuro próximo — algo que, até recentemente, estava mais do que precificado.

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