Anatel e PF lacram transmissor de rádio que tem programa de filho de Bolsonaro
A emissora, com concessão para operar em Goiás, havia instalado o equipamento sem autorização para melhorar seu sinal na região de Brasília
atualizado
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Fiscais da Agência Nacional de Telecomunicações, a Anatel, e agentes da Polícia Federal lacraram equipamentos de uma rádio que transmite semanalmente um programa de Jair Renan Bolsonaro, o filho 04 do presidente Jair Bolsonaro.
A Polícia Federal chegou a divulgar a operação, realizada em meados de junho, mas não deu detalhes — o nome da emissora, por exemplo, foi omitido no comunicado divulgado na ocasião.
De propriedade de Raul Canal, um advogado simpático ao bolsonarismo, a rádio Sucesso News FM teve parte de seus equipamentos de transmissão lacrada porque vinha operando irregularmente.
Com autorização para funcionar no município goiano de Santo Antônio do Descoberto, a emissora havia montado, sem aval da Anatel, um transmissor no topo de um prédio de Samambaia, cidade-satélite do Distrito Federal.
A ideia, por óbvio, era amplificar o alcance da rádio, de modo a fazer o sinal chegar com maior potência em Brasília e região. Foi justamente esse transmissor que foi lacrado.
A Sucesso News começou a veicular o programa semanal de Jair Renan, batizado de Podcast 04, no começo deste ano.
Para além do espaço aberto na programação para o filho do presidente da República, a emissora costuma convidar para seus programas vários políticos ligados ao governo. Recentemente, a mãe de Jair Renan, Ana Cristina Bolsonaro, foi entrevistada. Ela é candidata a deputada distrital.
Embora o transmissor esteja inoperante desde a ação dos policiais federais e fiscais da Anatel, a rádio seguiu funcionando, só que apenas com os equipamentos instalados na cidade do interior de Goiás, o que naturalmente diminuiu sua potência.
À coluna, Raul Canal admitiu que o transmissor estava funcionando de maneira irregular. Um inquérito corre sob sigilo na Justiça Federal para apurar crimes previstos no Código Brasileiro de Telecomunicações.
O inquérito está a cargo do juiz Renato Borelli, o mesmo que meses atrás ordenou a prisão de Milton Ribeiro, ex-ministro da Educação. Foi Borelli quem expediu a ordem para que o equipamento instalado em Samambaia fosse desligado.