Abin paralela atiça a ira dos Bolsonaro contra o general Heleno
Pessoas próximas ao ex-presidente tentam dividir a culpa pelo escândalo de espionagem ilegal com o chefe do GSI no governo passado
atualizado
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O entorno mais próximo de Jair Bolsonaro está revoltado com Augusto Heleno Ribeiro e se pergunta por qual motivo o general, que como ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional tinha a Abin sob seu comando, vem passando ao largo das suspeitas que envolvem o uso da agência para espionagem ilegal a serviço do bolsonarismo.
Desde o fim do governo, Heleno se distanciou dos colegas com quem convivia no dia a dia do Palácio do Planalto. A própria relação com Jair Bolsonaro esfriou sensivelmente. Os dois mal se falam hoje em dia, de acordo com uma fonte próxima ao ex-presidente.
O general tem evitado colocar a mão na cumbuca da mesma forma que fez o que pôde, quando estava no governo, para não se envolver diretamente no plano de criar a tal “Abin paralela”, com homens de confiança de Carlos Bolsonaro, para fazer serviços clandestinos de arapongagem. Quando a ideia lhe foi apresentada, dentro do Palácio do Planalto, ele reagiu olimpicamente, como se nada tivesse a ver com o assunto.
Experimentado, o general sabia que, mais adiante, o plano poderia virar um grande problema para Bolsonaro e também para quem mais se envolvesse. A operação deflagrada pela Polícia Federal nesta segunda-feira mostra que errado ele não estava. É bem verdade que, a partir do posto que ocupava, poderia ter feito alguma coisa para barrar a ideia. Mas, para isso, Augusto Heleno tem uma explicação pronta: ele entendia não ter forças para enfrentar as vontades do empoderado Carlos, o filho 02 do então presidente.