A “guerra das togas” pelas futuras vagas no STF
Ministros do STJ tidos como “progressistas” já se engalfinham de olho nas chances de ascenderem ao Supremo caso Lula vença as eleições
atualizado
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Para além da repercussão do discurso bolsonarista que embute a ameaça de ampliar o número de ministros do Supremo Tribunal Federal caso o atual presidente se reeleja, há nos tribunais superiores de Brasília um outro assunto dominante — e ele tem a ver com o cenário diametralmente oposto, o de uma possível vitória de Lula no próximo dia 30.
Nessas conversas, o que está em questão é quem o petista irá escolher, caso vença, para ocupar as cadeiras do STF que ficarão vagas a partir do próximo ano — Rosa Weber e Ricardo Lewandowski se aposentam já em 2023.
No Superior Tribunal de Justiça, a segunda mais alta Corte do país, é intensa (e cruenta) a corrida de ministros interessados em saltar para o Supremo.
Semanas atrás, após circular na bolsa de apostas o rumor de que o preferido de Lula para a primeira vaga seria o carioca Benedito Gonçalves, logo veio uma reação monumental da, digamos assim, “concorrência”.
Colegas de Benedito no STJ correram para fazer circular, entre os grupos capazes de influir no processo de escolha, lembranças nada edificantes de episódios recentes da história do ministro.
Na lista estavam, por exemplo, as conexões do próprio Benedito Gonçalves com o empreiteiro Léo Pinheiro, reveladas em mensagens interceptadas pela Operação Lava Jato, e menções pouco elogiosas a familiares do ministro.
A lógica da ofensiva é simples: magistrados que, assim como Benedito, foram nomeados para o STJ durante os governos de Lula e Dilma, também se consideram candidatos ao Supremo em caso de vitória petista e vêm tratando de “limpar” o caminho antecipadamente.
Pelo tom e pelas palavras empregadas, pode-se dizer que as mensagens trocadas valem mais do que um dossiê.