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Racismo: o puro suco do Brasil em seu cotidiano

O Brasil é um país onde uma parte, desonestamente, nega a existência do racismo, mas está estampado no cotidiano

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Na coluna desta semana, destaco algumas das notícias do puro suco do Brasil nas suas questões raciais. Está bem desenhado para os “desavisados”.

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Racismo religioso é uma forma de discriminação que ocorre quando indivíduos ou grupos são tratados de maneira desigual ou são alvo de preconceito e hostilidade com base em sua religião ou crenças espirituais. Esse tipo de racismo pode se manifestar de várias formas, incluindo:

  • Preconceitos e Estereótipos: atribuição de características negativas ou estereótipos simplistas a pessoas de determinadas religiões;
  • Discriminação: tratamento desfavorável em áreas como emprego, educação, habitação ou serviços públicos devido à religião de uma pessoa;
  • Violência e Intolerância: atos de violência, vandalismo ou assédio contra indivíduos ou locais de culto de determinadas religiões;
  • Exclusão Social: marginalização ou exclusão de indivíduos de certas religiões em contextos sociais, políticos ou econômicos.

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O racismo institucional refere-se às políticas, práticas e procedimentos dentro de organizações e instituições que resultam em discriminação sistemática e desvantajosa contra certos grupos raciais. Esse tipo de racismo não se manifesta necessariamente através de atos explícitos ou individuais de preconceito, mas através de normas e estruturas que perpetuam a desigualdade.

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O racismo recreativo é um termo que se refere a formas de racismo tratadas como entretenimento ou diversão, muitas vezes disfarçadas de humor ou piadas. Este tipo de racismo é sutil e pode ser facilmente justificado como algo inofensivo ou apenas uma brincadeira, mas perpetua estereótipos prejudiciais e normaliza atitudes discriminatórias.

A expressão foi cunhada pelo sociólogo brasileiro Hélio Santos para descrever situações em que comportamentos racistas são minimizados ou aceitos porque ocorrem em contextos de lazer ou diversão. Exemplos incluem piadas racistas, fantasias de carnaval que representam estereótipos raciais, e programas de televisão ou filmes que retratam personagens de maneira estereotipada. Embora possa parecer inofensivo para algumas pessoas, o racismo recreativo reforça desigualdades e contribui para a marginalização contínua dos grupos étnicos e raciais que são alvo dessas “brincadeiras”.

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O racismo cotidiano

O racismo cotidiano, embora muitas vezes sutil e sistêmico, tem um impacto profundo e mortal sobre as vidas das pessoas negras e de outras minorias raciais. Esse tipo de racismo permeia diversas esferas da sociedade, incluindo saúde, segurança, educação, habitação e mercado de trabalho, resultando em disparidades significativas e consequências graves.

Na saúde, se manifesta em desigualdades no acesso e na qualidade do atendimento médico. Estudos mostram que pessoas negras frequentemente recebem cuidados de saúde inferiores e são menos propensas a serem tratadas adequadamente para diversas condições médicas. A discriminação e o preconceito por parte dos profissionais de saúde podem levar a diagnósticos tardios e tratamentos inadequados, contribuindo para taxas mais altas de morbidade e mortalidade entre essas populações.

Na segurança pública, revela-se na brutalidade policial e na criminalização desproporcional de pessoas negras. Elas são mais propensas a serem paradas, revistadas, presas e a sofrer violência policial. Casos de assassinatos de pessoas negras por policiais são um testemunho trágico de como o racismo pode ser fatal. A impunidade desses crimes frequentemente perpetua um ciclo de violência e desconfiança entre a comunidade negra e as forças de segurança.

No mercado de trabalho, se manifesta na discriminação na contratação, nas promoções e nos salários. Pessoas negras enfrentam barreiras sistêmicas que dificultam seu acesso a oportunidades iguais, resultando em desemprego e subemprego desproporcionais. Essa exclusão econômica tem efeitos de longo alcance, contribuindo para a pobreza intergeracional e limitando o acesso a recursos essenciais como moradia, educação de qualidade e assistência médica.

Na educação, se manifesta em preconceitos por parte de professores e administradores escolares, resultando em menores expectativas e oportunidades para estudantes negros. Isso pode levar a taxas mais altas de evasão escolar, menores índices de conclusão e menos acesso a ensino superior, perpetuando o ciclo de desigualdade e exclusão.

Na habitação, práticas discriminatórias como a segregação residencial limitam o acesso das pessoas negras a bairros seguros e com bons serviços públicos. Essas práticas resultam em menor valorização de imóveis e em ambientes que muitas vezes carecem de infraestrutura adequada e serviços de qualidade, afetando negativamente a saúde e o bem-estar dos residentes.

O racismo cotidiano mata de maneira direta e indireta, perpetuando um ciclo de violência, exclusão e desigualdade. É fundamental reconhecer e combater essas formas de racismo em todas as esferas da sociedade para promover uma verdadeira equidade e justiça social.

Pronto, já não dá para falar que é “mimimi”. O Brasil é um país onde uma parte, desonestamente, nega a existência do racismo, mas está estampado no cotidiano e nos jornais.

Indicação

Espetáculo Pequeno manual antirracista – com Luana Xavier
No Teatro Firjan SESI Centro (Avenida Graça Aranha,, 1, Rio de Janeiro), segunda e terça, às 19h, até 11 de junho.
Livro: Pequeno Manual Antirracista, de Djamila Ribeiro

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