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O valor do 1º pódio olímpico de ginástica só com mulheres pretas 

Um marco de potência e representatividade, o pódio com Simone Biles, Rebeca Andrade e Jordan Chiles tem impacto na sociedade

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Pódio só com negras no solo da ginástica das Olimpíadas de Paris
1 de 1 Pódio só com negras no solo da ginástica das Olimpíadas de Paris - Foto: Elsa/Getty Images

No mundo do esporte, cada vitória e cada conquista representam mais do que apenas uma medalha ou um troféu. Elas são símbolos de resistência, de luta e de superação de barreiras históricas e sociais. O primeiro pódio olímpico de ginástica composto exclusivamente por mulheres negras é um exemplo brilhante disso. Esse marco histórico vai além das competições e das pontuações; é um grito de vitória contra séculos de exclusão e um farol de esperança e inspiração para futuras gerações.

A ginasta brasileira Rebeca Andrade, acompanhada de suas colegas medalhistas, conquistou um lugar não apenas no pódio, mas também na história. A presença da brasileira ao lado de outras atletas negras no pódio olímpico é uma prova de capacidade, talento e perseverança de pessoas negras no esporte. Esse momento serve como um poderoso lembrete de que, apesar das adversidades, a excelência é alcançável e a representatividade importa.

Ver Simone Biles, Rebeca Andrade e Jordan Chiles no topo do pódio olímpico envia uma mensagem poderosa: elas são modelo para meninas e meninos ao redor do mundo que podem ver, pela primeira vez, alguém que se parece com eles alcançando o auge do sucesso esportivo. Representatividade é crucial, porque ajuda a quebrar limitações e estereótipos impostos pela sociedade. Quando crianças e jovens veem figuras como Rebeca Andrade triunfando, começam a acreditar que também podem alcançar seus próprios sonhos, independentemente das barreiras que enfrentam.

Um dos aspectos mais inspiradores desse pódio é a maneira como as atletas se enaltecem mutuamente. Rebeca Andrade foi elogiada por suas colegas medalhistas – Biles, como a melhor do mundo, não apenas por sua habilidade técnica e desempenho, mas também por sua força e determinação. O respeito e a admiração mútuos entre as competidoras são um testemunho da solidariedade e do apoio que existem entre as mulheres negras. Em um mundo frequentemente marcado pela competição feroz e pela rivalidade, ver essas atletas se apoiando é um exemplo de como a colaboração e o respeito podem coexistir com a busca pela excelência. O impacto desse pódio vai além do esporte, serve como um modelo para outras áreas da sociedade, mostrando que a inclusão e a diversidade não são apenas desejáveis, mas essenciais ao progresso.

As atletas negras no pódio olímpico demonstram que, quando dadas as oportunidades, as pessoas de todas as origens podem brilhar. Este momento histórico é um chamado para que indústrias e campos de trabalho façam um esforço consciente para promover a diversidade e a inclusão.

Inspirando o Futuro

Rebeca Andrade e suas colegas medalhistas inspiram não apenas pelo que alcançaram, mas também pelo caminho que trilharam até aqui. Suas histórias são de superação, de luta contra adversidades e de resistência a um sistema que muitas vezes as marginaliza. Elas mostraram que é possível transformar desafios em triunfos e que cada passo dado é um passo em direção a um futuro mais inclusivo e justo.

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O pódio do solo na ginástica artística de Paris
Rebeca levou o ouro na disputa do solo na ginástica
Rebeca Andrade ganha ouro no solo e é a maior atleta olímpica da história do Brasil
Rebeca Andrade
Rebeca Andrade ficou com a nota de 14.200 no solo
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Rebeca Andrade da Seleção Brasil comemora a conquista da medalha de ouro após competir na final do exercício de solo feminino de Ginástica Artística no décimo dia dos Jogos Olímpicos Paris 2024 na Bercy Arena em 05 de agosto de 2024 em Paris, França

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O pódio do solo na ginástica artística de Paris

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Rebeca levou o ouro na disputa do solo na ginástica

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Rebeca Andrade ganha ouro no solo e é a maior atleta olímpica da história do Brasil

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Rebeca Andrade

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Rebeca Andrade ficou com a nota de 14.200 no solo

Patrick Smith/Getty Images

Rebeca Andrade não apenas escreveu seu nome nos livros de história, mas também plantou sementes de esperança e inspiração nas mentes e corações de milhões de pessoas. Seu sucesso é uma prova de que, com determinação, apoio e oportunidades, é possível alcançar o topo. E, mais importante, seu exemplo mostra que é possível fazê-lo com graça, respeito e solidariedade.

Por que evidenciar que são pessoas negras vencendo?

O mundo vive um “apartheid”, principalmente no Brasil, mesmo que seja velado. Basta olhar aos números estatísticos de desigualdade ou até mesmo no apagamento das contribuições que as pessoas negras possibilitaram e possibilitam no campo econômico, científico, político, esportivo e cultural. Ligue a TV, terá mais gente negra na televisão alemã do que na brasileira – mesmo que no Brasil 56% da população se declare negra.

Não podemos esquecer as ofensas racistas do ginasta Arthur Nory contra Ângelo Assumpção em 2015. A vítima afirmou que foi demitido por denunciar discriminação racial na instituição.

A história das Olimpíadas é marcada tanto por conquistas atléticas quanto por episódios de exclusão e racismo. Desde a sua retomada na era moderna, em 1896, as Olimpíadas refletiram as tensões sociais e raciais da época. Inicialmente, os Jogos eram dominados por atletas brancos europeus e norte-americanos, enquanto esportistas de outras raças e regiões enfrentavam diversas barreiras para competir. Nos Jogos de St. Louis, em 1904, a segregação racial era evidente, com a realização de uma “Exposição Antropológica” que exibiu competidores indígenas e africanos em eventos separados e desumanizadores.

A exclusão persistiu, mas houve momentos significativos de resistência e triunfo. Em 1936, durante os Jogos de Berlim, o atleta afro-americano Jesse Owens desafiou a ideologia nazista de superioridade ariana ao ganhar quatro medalhas de ouro. No entanto, sua vitória não resultou em igualdade racial nos Estados Unidos, onde ele continuou a enfrentar discriminação. Nos Jogos de 1968, no México, Tommie Smith e John Carlos, ambos afro-americanos, protestaram contra o racismo e a injustiça racial nos EUA, levantando os punhos durante a cerimônia de premiação. Esse ato de coragem teve repercussões significativas, mas também trouxe consequências pessoais para ambos.

Apesar dos avanços, a luta contra o racismo e pela inclusão continua nas Olimpíadas contemporâneas. A presença de atletas de diversas origens é mais ampla, mas os desafios de discriminação e desigualdade persistem e nos lembram da importância de continuar promovendo a justiça e a igualdade no esporte e na sociedade.

Que tenhamos mais a história de Alfredo Gomes, que, há 100 anos, tornou-se o primeiro atleta negro do Brasil nos Jogos Olímpicos. Que venham mais Rebeca Andrade, Ângelo Assumpção, Isaquias Queiroz, Jucielen Romeu, Alison dos Santos, Laura Amaro, Ygor Coelho, Bárbara Santos, Rafaela Silva, Erik Cardoso, Ana Caroline Silva, Wanda dos Santos, Aída dos Santos, Irenice Rodrigues, Fofão, Janeth Arcain, Daiane dos Santos, Ketleyn Quadros, Adriana Araújo, Rafaela Silva, Beatriz Souza, Leonardo Gonçalves, Paulo André… E muitos e muitas que eu passaria semanas pesquisando.

INDICAÇÃO:

Espetáculos

A VISITA – Uma mulher confinada em seu pequeno apartamento, em estado de abandono, recebe inesperadamente uma visita do trabalho. Ao tentar justificar sua situação, e atormentada por uma estranha presença, entrega-se à torrente de seus pensamentos e rompe com a realidade, mergulhando em um transe delirante.

Teatro Firjan SESI Centro – Rio Até hoje 06/08, terça – 19h

Com Carol Duarte
Dramaturgia: Aline Klein
Direção: Murillo Basso

DAS DORES – A OPERETA FAVELADA – Conta a história de Maria das Dores, uma mulher pobre, preta e favelada, que vê o filho sendo assassinado no meio de uma manifestação. É um drama musical que questiona a atuação da sociedade sobre as questões raciais e as práticas antirracistas, principalmente econômicas.

Mezanino do Sesc Copacabana – Rio até 11/8. De quinta a domingo às 20h30
Elenco: Diogo Nasi, Dom Yuri, Leona Kali, Mila Moura, Ramires Rodrigues e Renata Tavares.
Dramaturgia: Marcos Bassini Encenação: Renata Tavares Direção Musical: Renata Tavares, Pedro Lima, Zaratustra, Rafael Rougues e Dom Yuri.

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