Antonio Pitanga e o 26º Festival de Cinema Brasileiro de Paris
Ator Antonio Pitanga é o grande homenageado do 26º Festival de Cinema Brasileiro de Paris
atualizado
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Eu estava em um camarim no Circo Voador. Era a comemoração do aniversário da Tainá Cerqueira, secretária de Meio Ambiente e Clima do Rio. Muita gente querida, entre artistas, intelectuais… Sentado ao meu lado, o ator e diretor Antonio Pitanga com a sua esposa, a deputada federal Benedita da Silva (PT-RJ). Como sempre carinhosos comigo, falamos sobre teatro, audiovisual e brasilidades. Eu perguntando sobre o filme Malês, que o Pitanga está finalizando, onde assina a direção.
De repente ele para uma frase no meio e me pergunta: “E você, quando irá me dirigir?”.
Eu estava tomando um vinho e quase me engasguei com a pergunta de um dos maiores atores do país. Uma das minhas referências. Respondi: “No cinema ou no teatro?”. Pitanga sem pestanejar: “Teatro! Saudade de fazer teatro. Você decide se será monólogo ou acompanhado. E escolha a dramaturgia!”.
Receber o convite para dirigir Antonio Pitanga, por ele mesmo, é um privilégio incomparável e uma oportunidade única de imersão na arte com um dos grandes mestres da atuação brasileira. Pitanga não é apenas um ator talentoso; ele é uma referência viva em nossa cultura. Sua trajetória de vida se entrelaça com os movimentos mais marcantes da história do Brasil, desde os primeiros passos no Cinema Novo até os dias atuais, onde sua presença continua a brilhar nas telas e nos palcos.
Vale sublinhar que, nesta terça (2/4), o 26º Festival de Cinema Brasileiro de Paris terá Antônio Pitanga como o grande homenageado. O ator, que volta à direção de cinema com o longa Malês, depois de um intervalo de 45 anos do seu primeiro filme (Na Boca do Mundo, de 1978), receberá sua primeira homenagem no exterior no evento, principal mostra de cinema brasileiro da Europa. Aos 84 anos e com mais de 70 filmes no currículo, ele vai rever o longa estrelado por ele e por Norma Bengell no tradicional L’Arlequin, cinema de rua modernista no bairro de Saint-Germain-des-Près, sede do festival.
Voltando ao convite de um dos meus mestres… Estar em uma sala de ensaio dirigindo o seu Pitanga, assim que os artistas da minha geração o reverenciam, vai além de testemunhar o processo artístico talento; é presentificar, diariamente, um homem onde a sua voz e corpo ecoam os anseios e as conquistas de todo um povo. É uma oportunidade de mergulhar nas camadas profundas de uma arte que reflete a complexidade de uma nação diversa e multifacetada. Ao dirigir Antônio Pitanga, não se trata apenas de encenar uma performance, mas de criar um diálogo com um ícone, de aprender com suas experiências e sabedoria acumuladas ao longo de décadas de dedicação à arte. Que esta oportunidade de dirigir, ainda é um sonho, um dos gigantes da nossa cultura seja não apenas um momento de crescimento profissional, mas também uma celebração da riqueza e da profundidade da arte brasileira, personificada em Antônio Pitanga. Que o palco se torne o espaço sagrado onde convergem passado, presente e futuro, guiados pela luz da sua presença e talento.
A França está homenageando o mestre. Que nós brasileiros façamos o mesmo.