Xvídeos que nada! Erotismo é tendência em novos gêneros literários
A desmarginalização dos elementos eróticos na literatura favorece o aumento do público leitor e a diversidade do repertório erótico
atualizado
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Apesar da pornografia ser a primeira opção que a maioria das pessoas recorrem quando querem se excitar, ela está longe de ser a única. Além das muitas plataformas de áudio voltadas para o segmento, existe, ainda, a literatura erótica, com romances e contos que botam muitos filmes “no chinelo”.
Engana-se quem pensa que, ao falar de literatura erótica, estamos tratando de uma “literatura menor” ou de qualidade duvidosa. De um tempo para cá, gêneros literários diversos têm inserido elementos eróticos nas narrativas. Alguns dos exemplos mais recentes são os sucessos de vendas Através da minha janela, de Ariana Godoy; e Aconteceu naquele verão, de Tessa Bailey.
De acordo com Talitha Perissé, editora de aquisições da editoria jovem da Intrínseca, a fusão do erotismo em outros gêneros foi um movimento natural e mais baseado em levar literatura de qualidade, independentemente de padrões e de tabus.
“Nós apenas encontramos tramas interessantes em que o erotismo era um componente relevante, assim como, em geral, acontece na vida. Essas histórias costumam ressoar com muita força nas pessoas e também podem conquistar um novo público leitor”, explica.
Desmarginalização do erótico
Os maiores beneficiados são os leitores, que passam a ver a literatura erótica com outros olhos e têm se sentido mais livres para dividir suas tramas favoritas sem se preocupar com esse tipo de rótulo ou com julgamentos.
“Ocorre também uma mudança nos pontos de venda. Em vez de encontrar esses títulos apenas em livrarias on-line ou em sites de produção de escrita, os leitores passam a ver esses livros expostos também em espaços tradicionais, como as livrarias físicas. É um momento interessante, em que algo que antes era marginalizado passa a receber acolhimento”, afirma Talitha.
Ao passo que elementos como a sexualidade e o bem-estar sexual ganham espaço na literatura, possibilita-se o crescimento do público leitor e desfaz-se a ideia errada de que o objeto-livro é algo elitista, o que faz com que muitas pessoas não se sintam inseridas no mundo literário.
“Assim, as pessoas entendem que na literatura tem lugar para todo mundo. Sem contar que isso abre discussão para temas importantes”, avalia a editora.
Repertório erótico
Ler sexo em vez de ver sexo pode trazer vantagens enormes para o repertório erótico das pessoas, que estão cada vez mais condicionadas à pornografia para sentir tesão.
De acordo com a terapeuta sexual Tâmara Dias, em entrevista anterior ao Metrópoles, só conseguir se excitar com o estímulo do pornô é a realidade de mais gente do que se imagina. Isso acontece pelo fato dela ser prática, de fácil acesso e prazer imediato.
Para além disso, também existe a pressa: pressa de ficar excitado(a), pressa de chegar ao orgasmo, entre tantas outras que afetam até mesmo os meios usados para atiçar o imaginário erótico. “Contos ou livros eróticos vão demandar muito mais tempo. Nós não somos incentivados a curtir a experiência, o foco acaba sendo o orgasmo”, explica Tâmara.