Suruba do Airbnb: por que “trepar” é visto como algo condenável?
Após o caso viral do Twitter sobre a “suruba do Airbnb”, sexólogo explica a raiz do moralismo da sociedade quando o assunto é sexo
atualizado
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Desde a última terça-feira (13/4), toda pessoa que tem acesso à internet provavelmente ficou sabendo do “caso Felipe vs Verônica”, em que uma anfitriã do app Airbnb descobriu, por meio de filmagens, que seu locatário fez uma suruba em seu imóvel – e não gostou nenhum pouco.
Após a descoberta, mesmo depois do pedido de desculpas, a locadora se mostrou revoltada com as práticas sexuais realizadas em sua casa e entrou em uma discussão com o contratante, afirmando que ele precisaria informar que pretendia “trepar” na casa alugada. Entenda o caso clicando aqui.
O caso viralizou nas redes sociais e, em pouco tempo, toda a internet estava mobilizada para responder a seguinte pergunta: afinal, pode ou não pode trepar no Airbnb? No mesmo momento, surgiram incontáveis memes sobre a “treta”.
Piadas e burocracias à parte, não é novidade que (assim como é feito em hotéis comuns) as pessoas transam em imóveis da plataforma de aluguéis por temporada. Inclusive, por conta da maior proximidade e pessoalidade, muita gente substitui uma ida ao motel por uma estadia em um Airbnb.
Suruba na cabeça
Desde que o mundo é mundo, o ser humano parece não dispensar uma orgia. Depois dos períodos de restrição da pandemia do novo coronavírus, a preferência pela prática sexual parece ter aumentado.
De acordo com uma pesquisa realizada em 2020 pelo Sexlog – rede social brasileira voltada para sexo e swing -, a suruba é um dos fetiches que os solteiros mais têm desejo de praticar após a Covid-19.
Entre os mais de 31 mil cadastrados que responderam à pesquisa, 24% afirmaram que, assim que a pandemia acabar, vão correr para o primeiro sexo grupal que aparecer. A suruba ficou apenas atrás do ménage (uma suruba com menos gente, digamos), que vai ser a primeira aventura sexual de 34,9% dos entrevistados.
(Falso) moralismo
Uma vez que a famosa suruba é praticada por tantas pessoas há tanto tempo, por que ela e toda prática sexual que saia do que é “moralmente aceitável” ainda é vista com tamanha aversão por boa parte da sociedade?
De acordo com o terapeuta sexual André Almeida, a visão do sexo como algo impuro para a cultura ocidental se deu há muito tempo, com a instalação e o ganho de força do cristianismo.
“A forma como o sexo era enxergado por filósofos e religiosos à época se enraizou na sociedade, e é perpetuado até hoje. No senso comum, o comportamento sexual não é bem visto, é algo que precisa ficar guardado entre quatro paredes, que não se conversa sobre”, explica.
Logo, qualquer citação ou demonstração relacionada ao sexo e sexualidade é vista como algo errado de se falar e deixar aberto, além de causar estranheza e até mesmo revolta.
Partiu orgia?
Mesmo que, por um lado, a sociedade ainda seja muito conservadora, por outro a sexualidade tem ganhado cada vez mais espaço. Com movimentos que levantam bandeiras como empoderamento e bem-estar sexual, tem-se buscado mais informação e desprendimento sobre o tema.
Com isso, hoje em dia não é novidade que qualquer prática sexual, desde que praticada com segurança e consentimento pleno de todas as partes envolvidas, é muito válida e bem-vinda nos repertórios eróticos. Inclusive a suruba.
Para quem curte um sexo grupal – ou planeja tentar após a pandemia -, a Pouca Vergonha já compartilhou dicas de como fazer uma “suruba organizada”. Afinal, não é só porque é uma orgia que precisa ser feita de qualquer forma, certo?
Relembre as dicas da terapeuta sexual Tâmara Dias para um bacanal inesquecível:
Grupo no WhatsApp
Nada melhor que usar a tecnologia para quebrar o gelo antes do grande dia. Logo, o ideal é fechar o número de pessoas com antecedência e colocar os convidados em um grupo no WhatsApp. Até a data, os “surubers” podem trocar mensagens e se conhecer.
Comes e bebes
É sempre importante pensar na reposição de energia (já que a intenção é que ela seja bastante usada). O ideal é dar preferência para alimentos e bebidas leves, mas nada que impeça alguns queijos, vinhos, chocolates e espumantes para dar o clima.
Brincadeiras
Que tal alguns jogos para apimentar o bacanal? Além de diversas brincadeiras caseiras que podem ser feitas, existem aplicativos para casais que podem ser adaptados para o sexo grupal.
Camisinhas mil
Ainda que a suruba seja feita com pessoas conhecidas, uma coisa que não pode faltar é camisinhas. Afinal, não é só uma gravidez indesejada que ela vai prevenir, mas também a transmissão de diversão infecções sexualmente transmissíveis. Sem contar que os preservativos garantem a segurança na troca de parceiros e de orifícios.
Lubrificantes
Essencial para o sexo anal, os lubrificantes também podem deixar tudo mais divertidos se contarem com sabores e sensações diferentes para apimentar ainda mais as coisas. Não só no anal, mas no oral, na masturbação e em diversas outras brincadeiras.
Lenços de papel
Não tem porque a bagunça não ser organizada e limpa, não é mesmo? Com tanta gente “gozando e andando” em um mesmo ambiente, é bom que se tenha alguns lencinhos de papel espalhados pelo ambiente para garantir a higiene do local.
Lixeiras
E é claro, para finalizar, que é preciso ter lixeiras para jogar os lenços de papel que serão usados durante a suruba. Manter a higiene em eventos sexuais é importante também para garantir a saúde dos envolvidos. De nada adianta usar camisinha se ela ficar jogada no chão depois, hein?!