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Soft porn: saiba o que é e como ele impacta na educação sexual

Os conteúdos soft porn, com teor sugestivamente sexual, têm impacto direto em crianças e adolescentes que os consomem nas redes sociais

atualizado

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foto colorida de uma pessoas mexendo no celular
1 de 1 foto colorida de uma pessoas mexendo no celular - Foto: Getty Images

Dia após dia, as redes sociais têm mais alcance e estão mais presentes na vida das pessoas. É praticamente impossível rolar a timeline de um aplicativo sem ser bombardeado por inúmeros assuntos, incluindo conteúdos sugestivamente sexuais. Às vezes, até mesmo dancinhas, desafios ou os famosos “arrumem-se comigo” podem ter um tom sexual.

Segundo o especialista em redes sociais Natan Andrade, o soft porn, ou pornô leve, tem crescido por abrigar desde publicações comuns, mas consideradas “hiperssexualizadas”, até conteúdo, de fato, adulto.

Quem pensa que esse tipo de conteúdo sempre existiu não está errado. O que difere, agora, é o alcance das redes, que são uma extensão da vida de muita gente. Como não há controle de quem recebe esse tipo de conteúdo, ele pode impactar, inclusive, crianças e adolescentes.

Não à toa, uma pesquisa mostrou que o algoritmo do Instagram faz com que fotos mostrando pele, ou algum tipo de nudez, tenham maior engajamento. Pesquisadores do Algorithm Watch e da European Data Journalism Network fizeram a descoberta analisando feeds de notícias do app, conversando com criadores de conteúdo e estudando patentes.

Nos feeds dos voluntários, postagens com fotos seminuas representavam 30% dos posts mostrados nas contas. As fotos de mulheres seminuas tinham 54% mais probabilidade de aparecer em seus feeds de notícias, enquanto postagens com homens de peito nu tinham 28% mais probabilidade de serem exibidas.

Em contraste, publicações mostrando fotos de comida ou uma paisagem tinham 60% menos probabilidade de aparecer para os usuários.

Ainda assim, segundo Natan, as principais plataformas têm regras sobre o assunto. “A nudez é proibida nas maiores, como no Facebook, Instagram e TikTok. Usuários vivem tendo contas banidas por isso, muitas vezes, sem que o conteúdo fosse intencionalmente pornográfico”, afirma.

Garoto pequeno asiático mexendo em celular - Metrópoles
É preciso monitorar o uso de telas pelas crianças e adolescentes

Quem esse conteúdo alcança?

Embora esse tipo de material comece com sutileza e sem imagens gráficas, seu conteúdo tem impacto em quem o consome, principalmente os menores de idade. A psicóloga Alessandra Areias salienta que a exposição da criança e do adolescente a um conteúdo sexual pode causar um concepções errôneas sobre relacionamentos e sexualidade.

“É importante lembrar que o cérebro das crianças e adolescentes ainda está em desenvolvimento. Eles podem ser influenciados e desenvolver uma visão distorcida da intimidade e dos papéis sexuais”, acrescenta.

Durante essa fase da vida, a identidade, autoimagem e as habilidades sociais estão em construção, e a exposição a conteúdos inapropriados, ainda que de forma sutil, pode distorcer a percepção de si mesmos, dos outros e da sexualidade de forma geral.

Leonora Fernandes reforça que o conteúdo promovido como “tendência” nas redes sociais pode estar em desacordo com a maturidade emocional. “Isso pode levar à normalização de padrões irrealistas, pressão para corresponder a expectativas de comportamento ou aparência, e até impactos negativos na autoestima e na capacidade de formar relacionamentos saudáveis”, defende.

“Sem o suporte adequado de adultos, como pais, educadores e profissionais de saúde mental, esses jovens podem ser vulneráveis a interpretações distorcidas sobre sexualidade, papéis de gênero e o próprio valor pessoal”, acrescenta Leonora.

Como proteger os jovens?

Proteger crianças e adolescentes do contato precoce com conteúdos sexualizados é uma tarefa essencial e desafiadora no contexto atual, no qual o acesso à internet faz parte do dia a dia.

Leonora acrescenta que o ideal é uma combinação de estratégias que envolvam educação, diálogo e supervisão. Além disso, Alessandra reforça que a maior proteção é o monitoramento frequente.

Conforme mencionado, os pais devem adotar uma abordagem que vá além da simples restrição de acesso, buscando promover o desenvolvimento crítico e saudável de seus filhos.

Ajudar crianças e adolescentes a desenvolver um pensamento crítico e a entender o que é apropriado no ambiente digital é essencial.

“Ao promover uma visão equilibrada sobre o que consomem on-line, eles estarão mais bem preparados para tomar decisões conscientes. Ensinar a questionar o conteúdo que encontram, incentivá-los a refletir sobre os valores por trás do que estão vendo, e explicar as motivações de influenciadores ou criadores de conteúdo são passos essenciais para cultivar a autonomia e o discernimento”, comenta Leonora.

A profissional acrescenta que incentivar o pensamento crítico é uma das principais estratégias. Ao estimular os jovens a fazer perguntas como “esse conteúdo me faz sentir bem ou mal?” ou “esse vídeo promove respeito ou reforça estereótipos?”, eles passam a avaliar mais profundamente o que consomem.

“Além disso, discutir a questão do soft porn e como as redes sociais promovem sutilmente conteúdos sexualizados é importante para que eles reconheçam e entendam como esse tipo de material pode distorcer a percepção que têm de si mesmos e dos outros”, conclui a psicóloga.

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