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Sete mitos e verdades sobre os relacionamentos poliamorosos

Especialistas tiram dúvidas e desmentem crenças que costumam cercar o poliamor

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Em tempos de libertação de padrões e antigos costumes da sociedade, os indivíduos têm experimentado novas formas de pensar, agir e de se relacionar. Dentro do âmbito das relações, há uma tendência cada vez mais crescente para o poliamor – relacionamento sexual afetivo que envolve várias pessoas simultaneamente.

Pode-se dizer que o movimento, em parte, se deve à facilidade e à grande quantidade de opções que os aplicativos de relacionamento trazem. Mas, segundo a psicóloga Bárbara Mendes, o motivo mais forte da “revolução do poliamor” é que representa uma forma de sair do automático. “A monogamia é uma coisa compulsória, a gente já nasce na função de casar, ter filhos e ser feliz. O poliamor vem como uma maneira de quebrar isso”, avalia.

Mesmo em tempos de constante desconstrução, pouco ainda se sabe sobre o assunto, o que dá espaço para muitas crenças erradas acerca dele. Para deixar tudo às claras e não haver mais dúvidas, a coluna Pouca Vergonha separou alguns mitos e verdades sobre o poliamor:

Poliamor é o mesmo que poligamia

MITO! Poligamia refere-se à condição legal das pessoas envolvidas, ou seja, casar com mais de uma pessoa, o que é crime no Brasil. Já o poliamor trata-se de uma condição afetiva sexual apenas. Os dois termos não devem ser confundidos.

É sinônimo de pegação desenfreada

MITO! De acordo com a sexóloga Tâmara Dias, a crença ocorre por causa de uma sociedade em que tudo que foge da monogamia e da ideia do par perfeito é considerado perversão. “As pessoas não conseguem desconstruir alguns tabus que foram impostos e pensar que pode haver sim pessoas que amam mais de um parceiro”, explica.

Bárbara reforça que o poliamor vai muito além de liberdade sexual. “É uma maneira de se relacionar com o outro, não se trata de sair pegando todo mundo e ‘tchau’. Implica responsabilidade afetiva, autoconhecimento e conexão”, garante.

O poliamor tem regras

VERDADE! Assim como em qualquer relacionamento monogâmico, diversas coisas devem ser alinhadas entre os envolvidos. “Todo tipo de relacionamento, mesmo que de forma implícita, já começa com várias regras. É indispensável que todos conversem sobre expectativas e sobre o que pensam a respeito de sexo, intimidade, cumplicidade. Não pode faltar diálogo”, aponta Tâmara.

Não há traição ou ciúmes

MITO! O fato de um relacionamento envolver mais de duas pessoas não significa que não existe ciúmes entre as partes. “O ciúme é quase intrínseco à maioria dos indivíduos, então é quase certo que vai acontecer. Para evitar problemas, é importante que estejam acertadas as coisas que podem causar insegurança e sentimento de posse”, explica a sexóloga.

Sobre traição, o diálogo também é essencial para que não haja mal-entendidos. “Existem várias formas de traição, e o que é traição para uma pessoa pode não ser para outra. É de extrema importância que fique muito claro o que é traição para cada um”, complementa.

Necessariamente há sexo entre todos os envolvidos

MITO! Ao contrário do que se possa imaginar, nem todas as partes em um relacionamento poliamoroso se relacionam sexualmente. “Não é uma regra. Muitas vezes, um poliamor pode envolver, por exemplo, dois indivíduos heterossexuais que não curtem sexo com pessoas de outro gênero, mas se envolvem afetivamente com elas ou têm alguém que acabe fazendo uma ponte no relacionamento. O sexo não precisa ser conjunto, pode haver momentos separados também”, garante Tâmara.

Há cuidados especiais de prevenção

VERDADE! Nos casos poliamorosos em que se tem sexo grupal, os cuidados de prevenção para doenças e infecções sexualmente transmissíveis não muda muito dos de relacionamentos monogâmicos, mas há dicas que devem ser consideradas. “Assim como em qualquer transa, camisinha é indispensável. Mas, caso haja penetração em pessoas diferentes, é muito importante trocar a camisinha por causa dos fluidos e secreções corporais que ficam na parte de fora do preservativo”, alerta a sexóloga.

Além disso, por mais que o termo “exames pré-nupciais” possa soar monogâmico, fazê-los é indicado. “Seria interessante se todos os envolvidos se submetessem a testes para identificar qualquer problema. Vale lembrar que casos de infecções não impossibilitam relações sexuais. Com os devidos cuidados de transmissão e até mesmo profilaxias pré-exposição, é possível ter sexo seguro”, completa.

Existem posições específicas para melhor aproveitar o sexo grupal

MITO! Para Tâmara, isso é relativo, já que sexo se trata de energia e entrega. “Se todo mundo estiver totalmente entregue, acontecem coisas incríveis que não estão em nenhum livro com dica específica. São muitas possibilidades – dupla penetração, enquanto um penetra, outro chupa, e por aí vai”, diz.

Além disso, o prazer grupal (assim como o monogâmico e o individual) depende muito de autoconhecimento. “Se conhecer é importante até para sabermos do que gostamos e permitirmos que o outro nos dê prazer. Mesmo que haja outras pessoas, a responsabilidade do meu prazer é minha e não do outro”, finaliza.

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