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Saiba como a masturbação pode aliviar cólicas menstruais

Médica explica como hormônios sexuais podem diminuir dores pélvicas e indica outros métodos para o alívio de dores

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Yuttana Jaowattana / EyeEm/Getty Images
Cólicas menstruais - útero - endometrio - menstruação
1 de 1 Cólicas menstruais - útero - endometrio - menstruação - Foto: Yuttana Jaowattana / EyeEm/Getty Images

Quase toda mulher (salvo algumas poucas sortudas por aí) precisa passar, mensalmente, pela mesma situação: cólicas menstruais. O desconforto, chamado cientificamente de dismenorreia, acontece por conta do movimento de contração do útero para a eliminação do sangue menstrual.

Apesar de haver mulheres que sentem apenas um leve desconforto, outras sentem fortes dores. O que poucas sabem é que, além dos medicamentos específicos, outra coisa pode aliviar as dores menstruais: a masturbação.

Um estudo, chamado de Menstrubation (palavra em inglês para “mentrubação”, que mistura menstruação e masturbação), aponta que 90% das participantes recomendariam a masturbação e o orgasmo como método para alívio da dor menstrual.

Na pesquisa, foram acompanhadas 500 mulheres em um período de três meses, durante os quais foram registrados níveis de dor. O resultado foi que, em uma escala de dor pós-masturbação em que o máximo de dor é 10, a média de dor caiu de 6,7 para 5,4.

De acordo com Lilian Fiorelli – uroginecologista e especialista em sexualidade feminina do Sexo Sem Dúvida -, isso acontece por conta do aumento de circulação sanguínea na região e dos hormônios liberados no comportamento sexual.

“Durante uma masturbação ou relação sexual, no estágio de excitação ocorre a liberação de endorfina e dopamina, e chegando ao orgasmo, o organismo libera também ocitocina. Os dois primeiros aumentam a sensação de bem-estar, enquanto o terceiro promove o relaxamento do corpo. Isso pode levar a uma administração da dor”, explica.

Contudo, a especialista ressalta que o que diminui, não é a dor em si, mas sim a percepção de dor, já que a ação dos hormônios acontece no cérebro. “A dor acontece na nossa cabeça, mas não no sentido de ser psicológica. Ela existe, mas nós a sentimos pelos estímulos enviados ao nosso cérebro”, diz.

Além disso, a médica deixa o alerta: a depender da causa da cólica, um orgasmo pode piorar o desconforto. Segundo Fiorelli, a ocitocina, liberada no clímax sexual, além de trazer relaxamento, também causa contrações uterinas. Em casos de endometriose e outras doenças que causam dor pélvica crônica, o mais indicado é tomar cuidado.

“Essas doenças causam dores fortes e por longos períodos, além de uma sensibilidade à dor na região. No pós-orgasmo, a contração causada pela ocitocina pode ter intensidade suficiente para piorar a dor”, afirma.

Apesar disso, a masturbação não chega a ser contra indicada – pelo contrário. “Tem benefícios, mas é bom estar atenta e observar se isso piora a dor. Se for o caso, indico procurar um médico para investigar alguma possível condição que esteja causando isso”, completa.

Respeite seu corpo

Apesar de ser um ato legítimo e recomendável de autoconhecimento e bem-estar, a médica não chega a indicar a masturbação como um tratamento para a dor. A melhora das cólicas é uma consequência natural de uma prática masturbatória regular, não o fruto de um condicionamento dor + masturbação = alívio da dor.

Inclusive, encarar a masturbação como um remédio e condicioná-la à presença de dores menstruais pode criar uma associação negativa à masturbação. Com isso, a mulher pode não conseguir chegar ao orgasmo, se frustrar e criar uma relação ruim com algo que deveria ser prazeroso.

Sem contar que, para qualquer comportamento sexual, solo ou com companhia, é preciso estar no clima para isso. “Quando a gente não está legal, mesmo que sendo na busca de um prazer pra você ter uma melhora do bem-estar, nem sempre a gente se sente disposta”, argumenta Lilian.

A dica da especialista é, acima de tudo, respeitar o próprio corpo e entender o que ele precisa no momento. “Saber que a masturbação pode te ajudar é positivo, mas se sentir presa a isso não. Existem várias formas de diminuir a dor menstrual, e às vezes seu corpo não está te pedindo uma masturbação, mas sim um descanso. E está tudo bem”, garante.

Outros métodos

Sabe-se que existem analgésicos eficientes e até mesmo específicos para as dores menstruais. Contudo, há mulheres que não os têm em mãos no momento, ou preferem não fazer uso de medicamentos até último caso.

Para elas, a masturbação está longe de ser o único método natural de diminuir o desconforto. Confira cinco outras possíveis soluções não medicamentosas – indicadas por Lilian – para alívio de dores pélvicas:

Bolsa de água quente: “Traz conforto e relaxamento muscular. Essa bolsa pode ser usada na barriga ou nas costas, nos casos das dores associadas à cólica etc.”.

Dormir: “Eu sei que é difícil por causa da dor, mas descansar diminui os níveis de cortisol, que é o hormônio do estresse. Isso faz com que você tenha mais relaxamento e diminua a dor”.

Alimentação equilibrada: “Comer de forma saudável é indicado para toda a vida, mas nesse período é necessário que se faça uma alimentação mais leve. Isso impede que você não tenha também, associado a isso, uma alteração do trânsito intestinal, prisão de ventre ou diarreia, por exemplo, porque potencializa a dor”.

Exercícios físicos: “Tem uma ação semelhante à masturbação no ponto de vista da liberação hormonal. Mas lembre-se: respeite seu corpo. Se não estiver disposta, uma caminhada leve ou alongamento já são eficientes”.

Meditação: “Vale reforçar que a dor é sentida na nossa cabeça, pelo cérebro. A partir do momento que você tem a mente tranquila, a percepção de dor também é menor. É possível perceber que durante um momento de estresse as sensações de dor são muito maiores”.

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