“Ppkcare”: por que itens de cuidado com a vagina são febre no mercado?
Novas e conhecidas marcas estão lançando produtos de bem-estar íntimo com foco no “skincare” da vagina
atualizado
Compartilhar notícia
Após o skincare estourar com produtos e técnicas de cuidados com a pele do rosto, a nova tendência de mercado é o “pepecare“, como também é chamada a rotina de cuidados com a vagina. A prática é parte do hall de bem-estar sexual, que tem modificado até mesmo o segmento dos cosméticos, com novas marcas e novas linhas dentro de empresas já renomadas.
De acordo com Julianna Santos, especialista em educação sexual e gestora de conteúdo do MercadoErotico.org, o conceito de trazer a sexualidade de forma leve e até mesmo com uma identidade visual mais clean vem como uma extensão da feminilização de mercado erótico iniciada na virada do milênio.
Um exemplo de empresa que surgiu a partir do início desse movimento é a Feel Lube. Liderada pela CEO Marina Ratton, a Feel traz produtos com ingredientes naturais e voltados para o bem-estar íntimo feminino.
“Nós, mulheres, somos metade da população, ou seja, um mercado enorme. E a outra metade, a masculina, nasceu da nossa intimidade. Me pareceu fazer muito sentido olhar para necessidades não atendidas da sexualidade feminina”, conta Marina.
Marcas se reinventando
Além das marcas novas, outras empresas já estabelecidas no mercado também se reinventaram e lançaram novas linhas de bem-estar sexual. Um desses cases é o Grupo Boticário, que, em 2023, trouxe produtos de pepecare para as marcas O Boticário, com a linha Cuide-se Bem Cereja Livre, e Quem Disse, Berenice?, com a linha Prazer, Berê.
De acordo com a diretora da categoria Corpo e Banho do Grupo Boticário, Vanessa Machado, as linhas foram criadas a partir de uma análise de dados que confirmaram que a Geração Z é a mais fluida quando o assunto é sexualidade, a mais propensa à experimentação e a que fala com mais naturalidade sobre o tema.
“É um movimento que vem acontecendo há algum tempo. Caminhamos junto do nosso público e temos muito orgulho de estar à frente desses movimentos que trazem luz a temas tão importantes e que merecem ser discutidos cada vez mais pela sociedade”, explica.
Região é sensível
Contudo, alguns profissionais da área da saúde são um pouco céticos quanto a alguns produtos. Por se tratar de uma região extremamente sensível, não é aconselhável usar na vagina produtos com álcool, parabenos, fragrâncias, ou os que alterem o pH biológico.
Segundo a ginecologista Bruna Pitaluga, o uso de produtos químicos pode favorecer o crescimento de doenças típicas da vagina. Para ela, a vagina é preparada para se defender, sem que haja a necessidade de recorrer até mesmo aos conhecidos sabonetes íntimos.
“Esses produtos podem interferir na microbiota vaginal, prejudicando até a chegada do espermatozoide no colo do útero, um risco para quem quer engravidar. O uso de óleos, cremes e perfumes alteram essa informação natural”, elucida.
Logo, apesar de todo o cuidado íntimo e ferramenta para autoestima seja válido, é sempre importante estar atento aos ingredientes dos produtos e à sensibilidade de cada pele.