Pela fechadura: como funcionam os bastidores de um motel
Equipe do Metrópoles foi conhecer a logística e estrutura de um dos estabelecimentos mais movimentados da capital
atualizado
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Quem nunca olhou com curiosidade para aquela porta misteriosa do quarto de motel? Do nada, surge uma pessoa com a conta e um (às vezes, dois) bombom. Na tentativa de desvendar esse mistério – e contar histórias inusitadas – o Metrópoles foi conhecer a logística e estrutura de um dos mais movimentados estabelecimentos da cidade: o Flamingo, localizado na subida do Colorado.
A guia da aventura foi Elza Bezerra, diretora regional da Associação Brasileira de Motéis (Abmotéis) e gerente do estabelecimento. Com 22 anos de experiência no ramo, ela é responsável por toda a parte de gestão do empreendimento e trabalha lá desde a fundação, em 2001.
“O lado bom de trabalhar em motel é porque você nunca tem um dia igual ao outro, você sempre se surpreende com algo. Podemos criar muito e surpreender o cliente”, conta. Elza afirma que, muito mais do que um local para fazer sexo, muitas pessoas frequentam o estabelecimento em busca de descanso e até privacidade.
Entre rampas e vários níveis, 54 funcionários cuidam das 69 suítes do local, que soma 7.600 m². Cerca de 90% trabalham em escala de 12 por 36, tirando os responsáveis pela parte administrativa – esses seguem o horário comercial. A maioria da equipe é formada por mulheres, mães de família, com idades entre 18 e 60 anos. Elza explica: as contratações, geralmente, são feitas por meio de indicação dos funcionários.
Recepcionista, Tamyres Pereira é o cartão de visitas do motel. Ela afirma que muitos clientes chegam com dúvidas sobre as suítes, por isso ela precisa ter um amplo conhecimento de todas as unidades. “Quando um carro chega, eu anoto a hora, o quarto que ele optou, o modelo, a cor e a placa do veículo. Na hora da saída, apenas checo o sistema para ver se deram baixa no quarto.”
Quando alguém deixa o quarto é a vez de Ilma Pereira entrar em ação. A camareira relata que a limpeza leva cerca de 25 minutos – a agilidade é graças ao protocolo preestabelecido. Os produtos utilizados seguem a linha hospitalar e todos possuem bactericida. Ela conta com a ajuda de mais uma profissional, que retira as badejas de comida, caso haja, e também é a responsável por entregar a conta e receber o pagamento.
As entradas e saídas são controladas por um sistema disponível em telas espalhadas pelo local. Por elas, é possível visualizar se o quarto está vago, ocupado, em processo de limpeza ou aguardando arrumação.
De acordo com Elza, sempre ocorrem histórias engraçadas, ela lamenta que alguns clientes dão trabalho por conta do excesso de álcool. Um chegou a derrubar o portão de saída do motel. Ela afirma ser costume, quando os funcionários identificam alguém embriagado, tentar conversar com a pessoa para ela não dirigir e dormir um pouco.
Sobre os barulhos vindo dos quartos, ela afirma que no início as pessoas estranham, mas depois se acostumam. “Tem alguns realmente estranhos, mas se a pessoa pudesse fazer esse barulho em casa, ela ficaria por lá. Aqui, ela pode extravasar”, avalia.
A cozinha do motel é comandada pela chef Denise Negreiros. A equipe trabalha em turnos de 12h: quem entra às 7h da manhã, começa o dia preparando o café da manhã. “Por volta das 10h, é feito o almoço dos funcionários e, logo após, o dos clientes. Esse é o horário com maior movimento, principalmente de segunda a quarta”, aponta.
Por volta das 14h30, quando o movimento diminui, a equipe da cozinha separa os alimentos que chegam, dividem as porções, fazem reposição, lavagem e higienização. A segunda equipe entra às 19h, dando um reforço para o jantar, com grande demanda de quinta a sábado.