Não beija boca da parceira após o boquete? Sua masculinidade é frágil
Entenda como crenças da maculinidade frágil, como não beijar na boca depois do boquete, podem atrapalhar a vivência de uma sexualidade plena
atualizado
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No Dia do Beijo, comemorado anualmente em 13 de abril, a Pouca Vergonha faz uma denúncia: muita gente não sabe, mas existem homens heterossexuais que se negam a beijar suas parceiras após o boquete — principalmente nos casos em que eles gozam na boca delas.
De forma prática, alguns homens preferem não beijar suas parceiras logo depois do sexo oral porque não querem encostar em uma boca que, há pouco, estava chupando um pênis, ainda que esse pênis seja o deles. O ato é julgado como nojento e capaz até mesmo de colocar em dúvida a sexualidade desses rapazes.
O costume é um exemplo do que é nomeado como masculinidade frágil, que impede muitos homens heterossexuais de aproveitarem suas sexualidades e várias outras áreas da vida de forma plena e com todo o potencial.
“Em uma sociedade patriarcal, misógina e machista, a fundação dessa ideia de masculinidade é, na verdade, muito frágil, porque é baseada em conceitos como ‘homem não chora’, ‘homem não expressa emoções’, ‘homem não pode demonstrar fraquezas’. Isso tudo vai minando a possibilidade de existência de empatia e vulnerabilidade nos homens. Vai delimitando o que é ser homem, o que é ser ‘másculo’ em limites frágeis”, explica a especialista em sexualidade positiva Lua Menezes.
Com isso, homens heterossexuais são criados se privando de coisas que em nada impactam sua orientação sexual. Um estímulo anal, por exemplo, não tem nada de “coisa de gay”.
Ainda de acordo com Lua, a agressividade está muito ligada ao ideal machista do que definiria “ser homem”. “O que se imagina de um homem sexualmente potente é uma figura sempre ativa, no controle, dominadora e violenta. Isso afasta o homem de uma gama complexa de emoções, sentimentos, sensações e expressões da sua própria sexualidade”.
Como mudar?
Sabe-se que esse modus operandi é algo que vem de muito tempo e está enraizado na sociedade, mesmo nos homens que já conseguem perceber crenças e movimentos problemáticos. Mas, para mudar e fazer com que esse tipo de pensamento se dissipe cada vez mais, é preciso não só fazer uma autocrítica, mas tomar atitudes para desconstruir esse padrão de comportamento.
“Já passou da hora. É muito importante que isso seja feito em um contexto terapêutico também. Terapia, grupos de homens para conversar sobre o assunto e encontrar lugares de acolhimento, locais seguros para conversar sobre isso”, finaliza Lua.