Namoros durante a pandemia começam por amor ou tesão acumulado?
Entenda os possíveis efeitos da carência pandêmica nas idealizações de um relacionamento e os pilares de um namoro saudável
atualizado
Compartilhar notícia
Desde o início da pandemia, a vida amorosa e sexual das pessoas foi bastante afetada. Enquanto muitos terminaram seus relacionamentos durante o período de quarentena, outros aproveitaram o período de distanciamento social para engatar novos relacionamentos.
De acordo com dados do aplicativo de relacionamentos Happn, 77% dos brasileiros esperam achar um crush sério para um relacionamento de longo prazo ainda durante a pandemia.
Mas fica o questionamento: em um momento de restrições e falta de contato humano, no qual muitos solteiros ficaram longos períodos sem ter relações com alguém, um romance que surge pode mesmo ser amor ou é uma ilusão do tesão acumulado da quarentena?
De acordo com a terapeuta sexual Caroline Busarello, do Sexo Sem Dúvida, é possível que um relacionamento surja por conta do excesso de carência, que deixa as pessoas mais confusas, estressadas e, muitas vezes, sem muitos critérios´.
“Em meio à carência, é possível fazer vista grossa para pontos de personalidade daquela pessoa que vão importar a longo prazo. Escolhas movidas por carência tendem a ser ruins. Porque a pessoa quer alguém que supra uma necessidade que ele, primeiramente, tem que suprir”, explica.
Foi o caso de Felipe, que começou um relacionamento durante a pandemia com a vizinha de cima. Apesar do fogo inicial, logo depois, o namoro acabou não indo para frente.
“Vivemos aquela paixão fulminante, durante todo ano de 2020. Mas a coisa não foi para frente. Na minha opinião, isso aconteceu porque quando passou a paixão, vimos que não tínhamos muito a ver um com o outro. Pensamentos, filosofias, valores etc.”, conta.
Pode dar certo
Contudo, mesmo com a carência e as incertezas da pandemia, é possível engatar relacionamentos duradouros. Isso porque, além da carência, muitas pessoas entraram em um processo de repensar o que realmente queriam para suas vidas. Logo, em vez de perderem critério, ficaram com mais – o que, inclusive, explica o fim de muitos relacionamentos.
Um dos grandes motivos do início rápido de relacionamentos na pandemia foi o modus operandi que os casais precisaram adotar por não poderem sair. “Muita gente que se conheceu na pandemia pegou o caminho inverso, por não poderem ter os rituais iniciais de namoro. Eles aceleraram alguns processos. Por exemplo, tendo uma convivência maior, passando mais tempo juntos, quem sabe até morando juntos mais rápido do que normalmente aconteceria”, explica Caroline.
No caso de Mariana Rocha e Vinícius Deguar, o amor deu certo. Após se conhecerem por um aplicativo de relacionamentos em julho de 2020, estão namorando há pouco mais de três meses.
“Eu acredito que a pandemia ajudou bastante. Porque como a gente não podia sair, a gente teve a oportunidade de conversar mais. A gente deu match não só no aplicativo, mas na vida. E não acho que foi tesão acumulado. Ficar muito tempo sem sexo afeta, obviamente. Mas eu acho que isso aconteceu no nosso caso”.
Segundo a psicóloga, independente de pandemia, as chances de um relacionamento dar certo são as mesmas, desde que se leve alguns pilares em consideração.
“Se sentir confortável com a pessoa, ter diálogo, graus de adequação e adaptabilidade equilibrados, disponibilidade das duas partes, honestidade, cumplicidade, consistência entre o falar e o fazer. Começando antes ou depois da pandemia, é necessário tudo isso para ser saudável. Relacionamentos dão muito trabalho, apesar da gente comprar a ideia do amor romântico. É uma conquista diária”, finaliza.