No imaginário popular, o sexo está relacionado diretamente ao prazer. Contudo, muitas mulheres não podem dizer o mesmo. De acordo com um levantamento feito pela Famivita, pelo menos 45% das mulheres afirmam sentir dores durante a relação sexual.

No estudo em específico, as dores são consequência da secura vaginal. Porém, são vários os motivos que podem levar mulheres a sentirem dores durante o sexo. De acordo com a ginecologista e especialista em saúde sexual Erica Mantelli, apesar de muito relatado, não é normal sentir dores em uma transa.

“Uma coisa é haver um leve desconforto quando a mulher está no período pré-menstrual, quando está ovulando, ou em alguma posição mais profunda. Outra coisa é sentir uma dor forte durante toda a relação, seja na penetração ou em qualquer posição. É preciso investigar”, explica.

Entre as possíveis causas de dores estão, além do ressecamento vaginal, que é comum em lactantes e mulheres na menopausa, as disfunções hormonais, infecções da vagina e vulva, endometriose, miomas, cistos, disbioses vaginais e intestinais, constipações crônicas etc.

O tratamento, aponta Erica, vai depender da causa. “Pode variar desde medicamentos orais e cremes vaginais até tratamentos com laser ou mesmo intervenções cirúrgicas. O mais recomendado é procurar um médico de confiança para avaliar”, indica.

Mais que físico

Além das questões físicas que podem causar dores durante o ato sexual, muitas mulheres sofrem com o vaginismo – condição que faz com que a mulher tenha contrações involuntárias na vagina, impedindo a penetração adequada e causando dores – por conta de motivos psicológicos.

Segundo a ginecologista, educações sexuais muito repressoras e o sentimento de culpa ao fazer sexo podem trazer este tipo de consequência.

“Para muita gente o sexo é proibido, e a mulher é vista apenas para procriar ou dar prazer ao homem. Muitas delas foram criadas tendo esse entendimento, de que não nasceram para ter uma relação sexual prazerosa”, diz.

Além disso, traumas por abusos – sejam eles físicos ou psicológicos; atuais ou do passado – também podem ser a raiz desse tipo de problema, sem nem que a mulher se lembre dele. “Às vezes um episódio da infância pode interferir na vida sexual dela como adulta e gerar dor e sofrimento”, explica.

Por esse motivo, Erica indica um tratamento multiprofissional em casos de dores durante as relações sexuais. Além de um ginecologista de confiança, a terapia sexual é importante para entender a origem da dor e ressignificá-la.

Fisioterapia pélvica

Para completar o tratamento multiprofissional, a ginecologista aponta a fisioterapia pélvica como excelente aliada. Além de levar consciência corporal à mulher, há uma avaliação geral do tônus muscular do períneo e da vagina.

Segundo ela, diversas disfunções sexuais têm uma resposta muito boa com a fisioterapia, que, junto à equipe multiprofissional, consegue mudar a vida de inúmeras mulheres.

“Muitas mulheres têm dor durante a relação porque passaram por uma episiotomia, que é aquele corte para alargar o canal vaginal para facilitar a passagem do bebê no parto. Não é mais recomendado, mas era muito feito. A dor ocorre quando se forma uma fibrose no local da sutura. Muitas vezes é recomendada a fisioterapia pélvica para soltar essas fibroses”, finaliza.