Modelo gorda do OnlyFans diz que quer ser exemplo para outras mulheres
Juliana Ferreira faz sucesso na plataforma de conteúdo adulto com suas curvas e diz que quer inspirar outras pessoas
atualizado
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Moradora de São Paulo, Juliana Ferreira, de 29 anos, tem feito sucesso em plataformas de conteúdo adulto, como o OnlyFans, com conteúdos voltados aos fãs de Big Beautiful Woman (BBW), termo usado para mulheres gordas. Há cinco meses ativa nesses aplicativos, Juliana conta ao Metrópoles que quer inspirar outras mulheres a se sentirem “lindas e desejadas do jeito que são”.
Desde jovem, a modelo já sentia na pele o preconceito por ser uma mulher gorda. “A menina magra e padrão sempre era considerada a mais bonita e eu, acima do peso, percebia esse desprezo. Felizmente, muita coisa mudou, mas o padrão ainda é o mais exaltado e não deveria ser assim”, conta.
“Eu quero mostrar que outras mulheres BBW podem se sentir desejadas e interessantes. Mostrar que elas podem se amar do jeito que são”, defende.
Exemplo feminino
Casada e mãe, Juliana pretende ser uma referência plus size de autoamor e de empoderamento feminino. “É administrar cuidado de casa, levar o filho para a escola e o trabalho comum… A gente acaba sem tempo para se cuidar e se esquece da gente, mas isso não faz com que sejamos menos interessantes”, revela.
Para ela, é justamente essa sobrecarga feminina que faz com o que desejo sexual, por vezes, seja colocado em segundo plano. Juliana conta que percebe um movimento de homens casados que buscam conteúdos em plataformas adultas e relatam “falta de interesse” da esposa em manter a rotina em dia debaixo dos lençóis.
“O homem precisa enxergar que a ‘falta de atenção’ pode ser só porque a vida está muito corrida, e ele precisa ajudar também”, ressalta.
Interesse visual
Ainda que a maioria das modelos presentes na plataforma sejam magras e dentro dos “padrões considerados aceitáveis pela sociedade”, a bela conta que há mercado para aquelas com curvas. “É bem notório que as mais magras têm uma aceitação maior pelos usuários, mas tem muita gente interessada por mulheres acima do peso”, relata.
De acordo com ela, há homens e mulheres em busca desse tipo de conteúdo. “É muito interessante saber que a mulher lésbica ou bissexual também é visual nesse sentido”, comenta.
O mercado BBW
O interesse em se tornar uma produtora de conteúdo adulto surgiu em dezembro de 2021. À época, o marido de Juliana perdeu o emprego e, juntos, eles decidiram investir em uma nova forma de conseguir uma renda.
“Pensei e estudei muito a possibilidade. Meu maior medo era o julgamento da minha família e a preocupação com meu filho. No final das contas, decidi entrar nessa de cabeça com o meu marido e tem dado certo. Além disso, minha família também apoia meu trabalho”, conta.
Foi preciso alguns meses até ela decidir investir na carreira de uma forma definitiva. “Primeiro, fiz dois ensaios para ver como eu me sentia antes de me inscrever nas plataformas”, recorda.
A quem acha que os sites e apps de conteúdo adulto são um dinheiro fácil, ela alerta que a decisão deve ser bem tomada e é preciso enxergá-la como qualquer outro emprego, pois demanda “tempo, investimento, estudo e dedicação”.
On-line no OnlyFans e na Privacy, Juliana mantém a renda de toda a família. “Crio meu filho para ele respeitar as mulheres, independentemente da forma como elas ganham dinheiro. Espero que, lá na frente, ele seja consciente para entender que é o meu trabalho que nos sustenta e que ele não se importe com possíveis julgamentos”, conta.
Julgamento
Juliana relata que o julgamento faz parte das modelos de conteúdo adulto, sobretudo das gordas. “Lemos muita coisa ruim. ‘Sua gorda, não tem nada para fazer? Vai cuidar da sua casa e da sua vida”‘. Já me disseram coisas do tipo, mas não posso deixar isso me afetar”, desabafa. Os haters, porém, não a abalam a ponto de desistir da iniciativa.
“Eu foco no trabalho que eu faço e nos retornos que ele me proporciona, como a inspiração que eu sou para outras mulheres e o conforto financeiro que ele me traz”.