1 de 1 Foto colorida de mulher negra sentada em um sofá sentindo dores na barriga - Metrópoles
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O mês de março é dedicado à conscientização sobre a endometriose. De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), a doença atinge cerca de 10% da população feminina e pode trazer consequências ao longo de toda a vida, em diferentes áreas. Entre as diversas mazelas causadas pelo quadro, a inflamação do endométrio pode prejudicar (e muito!) a vida sexual delas.
“Esse quadro causa relações sexuais não satisfatórias e a mulher passa a evitá-las, pois o cérebro acaba associando sexo a esse desconforto. Com isso, tem-se a diminuição da libido, da excitação e da lubrificação, gerando ainda mais dor e impactos psicológicos, como baixa autoestima”, aponta o ginecologista Patrick Bellelis, colaborador do setor de endometriose do Hospital das Clínicas da Universidade de São Paulo.
O que é a endometriose?
A inflamação no endométrio ocorre quando o tecido endometrial, que deveria estar presente apenas no útero, se espalha para além do órgão. Como consequência, atinge ovários, trompas, tecido pélvico, bexiga, trato gastrointestinal e outras partes do corpo.
Os primeiros sintomas, e também os mais comuns, são as cólicas menstruais. Alexandre Brandão, ginecologista da Maternidade Brasília, explica que sua incidência não é normal e sempre deve ser investigada. “Se a mulher tem cólica menstrual, ela tem que investigar. Ela pode ser a causa de diversas doenças”, salienta. Além dela, o profissional também elenca:
Dor na relação sexual, principalmente no fundo da vagina;
Dor ao evacuar;
Dor ao urinar;
Dor pélvica crônica;
Infertilidade.
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A endometriose é uma doença crônica do sistema reprodutor feminino. Ela surge quando o endométrio, tecido que reveste o útero por dentro, se movimenta em sentido oposto durante a menstruação e pode atingir vários locais na cavidade abdominal, como ovário, intestino e bexiga
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Ela afeta mulheres em idade reprodutiva e tem origem desconhecida, apesar de em alguns casos ter influência genética. Não há evidências de que a doença tenha cura, contudo, existem tratamentos envolvendo anticoncepcional ou, em casos mais sérios, cirurgias
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A endometriose é uma doença caracterizada por dores intensas durante o período menstrual, chegando a incapacitar mulheres de exercerem suas atividades habituais,. Além disso, é comum dores durante relações sexuais, dificuldade em engravidar, dor e sangramento intestinais e urinários
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Sangramento menstrual desregulado e intenso, sangramento fora do período menstrual, cansaço, fadiga e dor na base das costas ou na parte inferior do abdômen durante a menstruação podem indicar a presença da doença
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Os sintomas da endometriose podem iniciar dias antes da menstruação e terminar dias depois. As dores também podem variar de pessoa para pessoa, tanto em relação à intensidade quanto à frequência. Aliás, a intensidade da dor pode não estar relacionada a extensão da doença. Em outras palavras, pessoas que sentem mais dor podem ter doença menos extensa e vice versa
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O diagnóstico da doença é clínico, apesar de não ser tão simples detectá-la. Recorrer a exames de imagem é o método mais comum, como a ultrassonografia transvaginal e a ressonância magnética da pelve
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É muito importante estar atenta aos sintomas e procurar com urgência um médico especialista ao suspeitar da presença da enfermidade. A demora em diagnosticar os focos da doença pode levar ao estado mais grave do quadro, quando é necessário partir para uma intervenção cirúrgica
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Outro problema ocasionado pela condição é a infertilidade feminina. Contudo, isso não quer dizer que a gravidez não seja possível. Mulheres com endometriose podem engravidar. Na verdade, tudo dependerá da extensão da doença
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Atualmente, segundo o Ministério da Saúde, a estimativa é que cerca de 8 milhões de brasileiras sofram com essa condição de saúde
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Dores durante o sexo
A dor parece ser palavra comum da rotina da mulher diagnosticada com endometriose. Ela também aparece durante no momento mais inoportuno: a relação sexual.
“Em alguns casos, elas [as dores] podem tornar o sexo uma experiência insuportável, especialmente quando os implantes estão localizados nos nervos”, pontua o especialista Bellelis.
Ao Metrópoles, Alexandre salienta que incômodo durante o sexo jamais deve ser considerado algo comum: “O sexo precisa ser prazeroso”, alerta.
A dor que sugere o diagnóstico de endometriose pode acontecer de diversas formas mas, na maioria das vezes, ela se manifesta no “fundo da vagina”. “Acontece que alguns pontos nessa região acabam ficando inflamados e esses pontos, na hora da relação, quando o pênis encosta naquela área, vai causar dor”, explica.
Caso não tratado corretamente ou o diagnóstico venha de forma tardia, as regiões afetadas podem se alastrar e as dores serem ainda mais presentes em diferentes regiões do canal vaginal.
O “medo” da transa
A dor na hora da relação sexual, também pode reverberar em um “medo” daquele momento. As dores que o momento causa, pode fazer com que a mulher evite transar ou até mesmo se relacionar com outras pessoas.
O momento da relação sexual, pontua Alexandre, deve ser de descontração e prazer para os envolvidos. “Não deve ser algo em que ela esteja muito preocupada ou muito ansiosa, o momento deve ser de prazer e relaxamento”, explica o médico.
De acordo com a OMS, uma vida sexual ativa é fundamental para o bem-estar físico, psíquico e sociocultural do ser humano. Ela é um aspecto fundamental na qualidade de vida de qualquer pessoa. O sexo também melhora na energia vital, na sensação de prazer e autoestima.
O que fazer?
O ideal, explicam os profissionais, é procurar um médico aos primeiros sinais de dor durante a transa. “O especialista vai fazer uma investigação mais aprofundada e perguntas específicas para entender a causa das dores”, ressalta.
Ao consultar um médico especialista, ele vai solicitar exames específicos para identificar onde estão e o tamanho das lesões, além de orientar a paciente. Mas mais que o tratamento e medicação recomendada, a mulher também precisa fazer algumas mudanças no seu estilo de vida para aliviar as dores e inflamação causada pela doença.
“A endometriose é uma doença inflamatória e quem tem precisa desenvolver hábitos de vida saudáveis. Existem três pilares fundamentais: alimentação, atividade física e sono. Dormir bem é fundamental”, pontua o médico da Maternidade Brasília.
Outra coisa que pode ajudar a mulher que enfrenta esse diagnóstico, é a envolver seu parceiro nesse momento. “Leve ele para uma consulta para conhecer e entender sobre sua condição. Dessa forma, vocês dois encontram uma forma de deixar o momento mais confortável e gostoso”, sugere Alexandre.