Giovanna Ewbank já fingiu orgasmo; entenda malefícios da prática
Se você, assim como Giovanna Ewbank, já fingiu orgasmo durante o sexo, entenda como a prática pode prejudicar o prazer feminino
atualizado
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Durante o programa Surubaum, que apresenta ao lado do marido, Bruno Gagliasso, Giovanna Ewbank admitiu já ter fingido orgasmo no sexo — inclusive com Bruno, no início do relacionamento. Apesar de parecer inofensiva, a prática pode ser um grande desserviço ao prazer feminino.
De acordo com a terapeuta sexual Luísa Miranda, fingir um orgasmo reforça a ideia patriarcal de que o homem é o centro de sexo e, portanto, a mulher tem um papel secundário na relação a dois e no prazer.
“Para não deixar o parceiro insatisfeito ou magoado, ela mente. Quando ela faz isso, está dizendo que está tudo bem. Mas não está. Os homens precisam saber quando a mulher não gozou e desenvolver habilidades para ajudar a mulher na descoberta do orgasmo”, explica.
Luísa aponta que uma das responsáveis por essa dinâmica é a pornografia, que incentivou os homens a terem uma visão irreal e ilusória do sexo.
Ao mesmo tempo, as mulheres também carregam o fardo. “Ela não consegue se sentir à vontade e acolhida porque não se encaixa nos padrões da indústria”, diz.
O corpo perfeito — com zero celulites, peitos de silicone, flexibilidade e posições mirabolantes — aparece na lista de coisas que são vendidas pelo pornô e que as deixam inseguras e pressionadas a mentir que gozaram.
É mais sobre ela
A partir do momento em que a mulher não se conecta com ela mesma, também não consegue se conectar com o parceiro, o que dificulta a chegada ao orgasmo. A autoconexão é essencial.
Segunda a sexóloga, diferentemente do que muitos homens pensam, não são eles que proporcionam o orgasmo, mas sim ela própria. “Precisamos mudar o discurso de que ‘fulano me fez gozar’. O autoconhecimento proporciona clima para isso. A mulher vai gozar se estiver disposta a se conectar com o momento e com os próprios corpo e mente”, garante.
Orgasmo não obrigatório
Outro problema de fingir é que, fazendo isso, reforça-se a ideia de que o orgasmo é o prêmio a ser conquistado em uma transa, o que não é verdade. De acordo com Luísa, ainda que o orgasmo seja o ápice, não significa que o restante não seja suficiente.
“O sexo não necessariamente vai terminar com orgasmo, e pode ser tão incrível quanto. Essa busca pelo orgasmo faz com que as pessoas não gozem. Vira uma cobrança e você fica pensando mais na consequência do que no caminho”, diz.
O segredo pode parecer simples, mas é preciso desconstrução de crenças para conseguir: curtir. “Infelizmente o sexo tem saído desse lugar de curtição e virado uma obrigação, uma satisfação garantida”, explica Luísa, que compara a “curtição” necessária com a sensação de estar com amigos próximos e ser você mesmo e estar instável. “É preciso aceitar que vulnerabilidade faz parte da sexualidade”, complementa.
Como levar ao parceiro?
“Quando eu não gozo (ou pelo menos finjo), meu parceiro fica chateado”, você pode pensar. Os homens, graças (de novo) ao pornô, costumam dar muita importância à performance na cama. Nesse momento é que se percebe, segundo a sexóloga, que o problema não é nem o homem nem a mulher, mas a dinâmica de expectativas das relações.
“O homem se comporta da maneira que ele aprendeu, performático. E a mulher também, ficando em segundo plano. Se a gente não aprender a questionar certas coisas, não mudamos a dinâmica”, explica.
Nesse caso, o melhor remédio é o diálogo e a sinceridade, já que perpetuar esses comportamentos pode trazer diversos problemas a longo prazo para as relações.
O segredo é perder o medo e ir direto ao ponto: “Então, não está rolando assim. Vamos tentar de outro jeito?”.
Na ânsia de evitar o sofrimento do outro, a própria pessoa sofre e tem seu comportamento em relação a dar e receber afetado. “É complicado a pessoa só querer que você goze do jeito dela. É preciso humildade para saber que nem tudo e sobre ela”, diz.
De qualquer forma, levantar a questão no relacionamento é essencial. “Nossas escolhas, inclusive de negar ou mentir, vão causando problemas sutis que vão virando uma bola de neve. Chega um momento que fica difícil esconder embaixo do tapete, a gente tropeça, cai e a relação perde o sentido”, finaliza.