Geração Z quer ver menos sexo em filmes e séries. Entenda
Confira alguns dos possíveis motivos que fazem as pesquisas mostrarem um interesse cada vez menor da geração Z por sexo
atualizado
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Quando se fala em tendências comportamentais com recorte geracional, a geração Z – pessoas que nasceram entre a segunda metade da década de 1990 e 2010 –, também conhecida como centennials, chama atenção, principalmente quando o assunto é sexo. Um estudo recente, por exemplo, apontou que esses jovens querem ver menos cenas de sexo em séries e filmes.
O relatório Teens and Screens, publicado pelo Center for Scholars and Storytellers da Universidade da Califórnia, nos EUA, mostrou que 47,5% dos 1.500 entrevistados disseram que o sexo “não é necessário” para a maioria dos programas de TV e filmes. Além disso, 44% concordam com uma declaração dizendo que “preferem limpar o banheiro” do que ir a um encontro on-line.
Um menor interesse sexual dentre a geração Z já vem sendo apontado em estudos anteriores. Uma pesquisa do Instituto Karolinka, da Suécia, e do Departamento de Medicina da Universidade de Washington, nos EUA, chama o fenômeno de “apagão sexual”, e indicou que, em 2022, 20% dos homens e 15% das mulheres participantes afirmaram não terem feito sexo nos 12 meses anteriores.
Enquanto isso, a pesquisa brasileira Mosaico 2.0 revelou que a faixa etária que mais acredita que sexo é pouco ou nada importante foi a de 18 a 25 anos.
E fica o questionamento: o que pode levar os jovens da geração Z a darem tão menos importância para o sexo, seja na vida a dois ou na hora de escolher uma produção audiovisual para assistir? De acordo com o terapeuta sexual André Almeida, sendo a sexualidade um fenômeno com partes psicológicas, fisiológicas e sociais, é difícil definir um ponto único de influência para a diminuição do comportamento sexual de toda uma geração. Contudo, é possível apontar algumas possibilidades.
“O mundo, o mercado de trabalho e a economia cada vez mais agressiva têm trazido um senso de urgência negativa e uma desesperança para a geração atual, o que contribui para uma ansiedade generalizada”, elucida.
Além disso, o especialista lembra que o próprio processo de flerte tem sido constantemente reconfigurado, e há outras formas de se chegar ao comportamento sexual, inclusive aplicativos específicos para isso.
“Podemos pensar também no próprio ‘lidar’ com o sexo e na masculinidade tóxica, que vem com as gerações anteriores, e inflacionam a quantidade de comportamentos sexuais que têm em censos e pesquisas para a manutenção de seu status quo”, diz.
Outra questão é o maior destaque da masturbação nos hábitos sexuais: ainda segundo a Mosaico 2.0, 44% dos brasileiros se masturbam até três vezes por semana, e 82,7% dos homens e 60% das mulheres recorrem a essa forma de prazer. Com a maior consciência e debate sobre a sexualidade como uma manifestação política, o critério das pessoas na hora de transar acaba ficando maior – principalmente das mulheres.
“Esse movimento tem dado às mulheres a liberdade de se permitirem sentir prazer fora de um relacionamento e isso consequentemente traz mais autonomia em relação ao próprio corpo. A forma como elas têm se percebido hoje exige que os homens também mudem alguns comportamentos e isso é importante”, explica a sexóloga Tâmara Dias.