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Entenda o fetiche por grávidas e por que sexo na gestação é um tabu

Especialista fala sobre “santificação” em torno da gestação, origem do fetiche por mulheres grávidas e autoestima sexual durante o período

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1 de 1 gravidez - Foto: Barbara Jorge/EyeEm/Getty Images

Um dos assuntos que mais levantam polêmica e dúvidas, ainda nos dias de hoje, é misturar gravidez e sexualidade. Por mais que especialistas da área garantam que uma vida sexual ativa é benéfica não só para a mãe, mas como também para a gestação.

Felizmente, o assunto é cada vez mais falado. Um exemplo é a nova série brasileira do Amazon Prime Video, 5x Comédia. A produção traz cinco episódios, cada um com uma história diferente. Em um deles, uma mulher grávida perde o emprego durante a pandemia e, para conseguir manter a casa, cria um site para realizar fetiches e fazer sexo virtual com clientes on-line.

A própria atriz principal, Martha Nowill (que estava grávida na vida real quando rodou o episódio), afirmou precisar lidar com seu preconceito. “Quando comecei a ver grávidas fazendo sexo online, pensei: ‘Que doideira’. Mas falei que é justamente por isso que a gente tinha que fazer (o episódio), por até eu ter essa dificuldade”, disse em entrevista ao Notícias da Tv, da UOL.

De acordo com Marcos Santos, psicólogo especialista em sexualidade do Sexo Sem Dúvida, isso acontece porque, na sociedade ocidental, além da estrutura patriarcal e machista, existe o mito da purificação. Ela é herdada da cultura cristã, na qual Maria engravidou sem a consumação do ato sexual.

“Isso ainda é muito forte em nossa cultura. As mulheres foram rotuladas e categorizadas historicamente pelos homens como sendo putas para transar de forma recreativa, e como santas para casar e ter filhos”, afirma.

Em meio à associação da gestação como uma espécie de “evento sagrado”, é gerada por tabela uma “proibição” sexual aos olhos da sociedade. Essa visão muitas vezes chega a afetar a própria vida conjugal, uma vez que muitos maridos deixam de ver a parceira sexualmente.

“Algumas crenças limitantes podem causar o desinteresse sexual do homem durante a gravidez. Por exemplo aquela de que quando a mulher engravida ela deixa de ser mulher para se tornar exclusivamente mãe, o que é um grande erro e pode afastar o casal”, explica.

Além disso, existe também a questão do desconhecimento masculino sobre o período da gravidez e anatomia do corpo da mulher, imaginando que a penetração pode prejudicar o bebê ou que a mulher pode sentir dor. “Mas já sabemos que isso não procede”, completa Marcos.

No entanto, este afastamento pode ser muito prejudicial não só para a mulher, mas também para a própria relação a dois. A principal solução para que isso não aconteça é estreitar o diálogo do casal. “O que não é falado, não é reconhecido e compreendido, fica acumulado, gera raiva, mágoa e outros sentimentos nocivos”, explica.

Quando falta diálogo e troca erótica, toda a dinâmica afetiva é colocada em risco. “Não despertar desejos um no outro com uma nova dinâmica sexual durante todo o período da gestação acaba por criar um clima antipático e broxante para ambos. Em casos mais severos, é recomendado o auxílio de um profissional terapeuta sexual”, indica.

Fetiche por grávidas

Apesar da “santificação” massiva em torno das gestantes, na mesma sociedade também existe uma parcela de pessoas que, pelo contrário, fetichizam a gravidez. Prova disso é que muitas das grandes plataformas pornográficas contém categorias inteiras com milhares de conteúdos com mulheres grávidas.

Segundo Marcos, por mais incrível que pareça, a adoração por grávidas é um dos cultos mais antigos da história da humanidade. Começou há mais de 25 mil anos, quando predominava a cultura do matriarcado, em que mulheres grávidas eram endeusadas e símbolos de fertilidade.

No início, o desejo masculino por mulheres grávidas tinha raiz na falta de compreensão sobre como funcionava a concepção e gestação, dando um ar de magia a tudo isso. Logo, as mulheres foram as primeiras deusas do mundo, e a elas foi atribuída a origem da vida na Terra.

Atualmente, o fetiche sexual por grávidas é chamado pregnofilia, e envolve não só a anatomia voluptuosa das gestantes, mas a própria ideia de um corpo “mágico” e até mesmo proibido. Trata-se de um fetiche saudável, desde que não gere obsessão pelo corpo das grávidas ou pela prática sexual apenas durante a gestação.

“Essa proibição mexe com o imaginário masculino e pode tornar a grávida objeto de desejo para alguns homens. Muitas mulheres grávidas reconhecem os olhares maliciosos que alguns homens apresentam, mas nem todas se sentem confortáveis em serem desejadas pelo parceiro, devido à própria repressão sexual sofrida culturalmente”, explica.

Sensualidade e gravidez

Muitos fatores culturais inibem o desejo e até mesmo afetam a libido feminina e masculina. Assim, ainda que com a excitação à flor da pele, algumas grávidas se privam de relações sexuais. Contudo, a sexualidade podem ser ainda melhor na gestação, sem contar que o sexo não só é liberado, como recomendado.

“Em casos de gestações saudáveis e sem risco, os hormônios do prazer sexual favorecem a mulher, o bebê e o casal. Além disso, o fator fisiológico de aumento da lubrificação vaginal e o inchaço da área genital facilitam a mulher alcançar mais orgasmos”, afirma.

Não só a própria sexualidade, mas a autoestima feminina pode ser aumentada nesse período, e a mulher acabar se sentindo mais sexual e sensual. O orgasmo, por exemplo, funciona como um motivador para que a mulher se sinta mais bonita e sensual do que nunca.

Já as transformações do corpo, que muitas vezes são vistas de forma negativa pelas próprias grávidas, vêm para mostrar o poder feminino. Para o especialista, as mudanças que a gestação traz mexem com o psicológico também de forma motivacional, reforçando a convicção de gerar uma vida dentro de si.

“Algumas mulheres aproveitam também esta fase para registrar a gestação em um ensaio fotográfico cheio de sensualidade. As fotografias ajudam as mulheres a enxergarem a grandiosidade do que são e a sensualidade que possuem”, conclui.

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