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Famílias fazem ensaios fotográficos para desmistificar a nudez

O trabalho de Maíra Suarez vai fazer você repensar aquelas fotos tradicionais de antigamente

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Fotos: Maíra Suarez
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Se você sente algum desconforto ao olhar para estas fotos, o projeto des.nu tem algo a te dizer. A fotógrafa Maíra Suarez convidou famílias a posarem para suas lentes, em um ensaio fotográfico. Um detalhe chama a atenção: as pessoas que fazem parte do arranjo familiar estão sem roupa.

O projeto tem o intuito de dessexualizar o nu. “Meus pais sempre ficaram nus em casa, eu e minha irmã também. Então, percebi que essa criação me permitiu olhar corpos nus sem enorme curiosidade ou desejos reprimidos”, explica Maíra.

Para a fotógrafa, a nudez é um tabu a ser quebrado. “Conversando com outras pessoas, vivenciando outras famílias, descobri que a nudez é um tabu e proibida em diversas relações familiares. Quis mostrar que tudo bem ficarmos nus, que o respeito deve existir independente do que vestimos”, afirma.

A partir do momento que o nu passar a ser cotidiano, o tabu será quebrado e os corpos apenas serão corpos, não objetos.

Maíra Suarez

Maíra relata que muitas famílias entraram em contato com interesse em participar do projeto, mas a maior parte desistiu. “Muitas mulheres voltaram atrás, pois foram desestimuladas por seus parceiros. Outras desistiram, pois ainda não se sentiram à vontade em tomar essa decisão, não estavam preparadas”, relata.

Duas famílias foram fotografadas. São pessoas que têm o hábito de ficar nuas em casa cotidianamente e quiseram registrar o afeto e o carinho de suas relações, além de incentivar que outros tenham uma relação mais natural com o próprio corpo.

Veja as imagens e os depoimentos deles para o des.nu:

*As imagens a seguir não têm cunho sexual, mas mostram pessoas completamente nuas. Fica nosso alerta para quem não se sente confortável ou é menor de 18 anos  

O que a Camila e o Raoni (Niterói – RJ) dizem sobre o projeto:

“Pra nós sempre foi natural andar nu ou com pouca roupa em casa. Mais que natural, sempre foi muito importante. Nos sentimos livres e queremos que as crianças se sintam assim também, aprendam a serem livres. Entre tantas coisas que gostaríamos de ensinar aos nossos filhos, naturalizar e dessexualizar a nudez está entre elas.

O corpo sempre foi tratado como pecado ou motivo de vergonha. A nudez ou está a serviço do sexo ou não está. Nas bancas de jornais, corpos de mulheres expostos para quem quiser ver. Na TV, também. A nudez é permitida, desde que seja vista de forma sexualizada. Desde que seja um produto para o sexo, que seja consumível.

Para nós, não. Para nós nudez é respeitar nosso corpo, nossas necessidades, nossa liberdade. É ecológico também, suja-se menos roupa, lava-se menos roupa. Para nós não há nada mais natural do que a nudez e vamos reivindicá-la assim. Pelo direito de estar nus. Pelo direito de ficarmos à vontade. Pelo direito de tratarmos nossos corpos com a naturalidade que lhes pertence. Respeitando nossa fisiologia e nossa necessidade de liberdade.”

 

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Depoimento de Lara Andrade – Salvador

“Aprender a se relacionar de maneira natural com a nudez é também construir uma relação de confiança com o próprio corpo. É ter referências reais e não “globais” para se espelhar. É perceber que cada dobra, cada músculo, cada marca, cada cicatriz, fazem parte de um conjunto que funciona harmonicamente para nos trazer bem estar! E, sim, nos faz feliz no dia a dia.

É perceber que podemos usar esta poderosa ferramenta – que é o nosso corpo – a nosso favor. E que, no fundo, o que menos importa nessa história toda é seguir um padrão de beleza que não existe – que nos exigem.

Porque a gente convive e acha lindo o corpo nu daquela pessoa que a gente tanto ama, com todos os (não) defeitos que ela pode ter.

E esse amor se reflete em nós. Ou melhor, é o amor por nós a se refletir nas nossas relações com o mundo. De dentro pra fora, de fora pra sempre. Numa relação de troca empoderadora.

Isso influencia diretamente a nossa forma de fluir pelo mundo… sem vergonhas… naturalmente. E a gente aprende (desaprendendo) que ver o que nos obrigam a esconder não nos dá o direito de sair “agarrando” (não apenas literalmente) ninguém por aí.

Muito menos aceitaremos a ideia de nos sentirmos “responsáveis” por atrair olhares e reações abusivas vindas de quem não consegue enxergar @ outr@ com respeito para além de roupas/maquiagens/padrões de beleza.

O corpo não é templo, casa nem prisão… o corpo é uma festa! Vamos nos permitir. É isso que queremos para as nossas filhas. Um mundo melhor é também um mundo nu! As roupas nos servem e não o contrário.”

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