Estudo desmente que mulheres perdem interesse em sexo com a idade
Na contramão de artigos anteriores, pesquisa acompanha mulheres por cerca de 15 anos e derruba mito de que mulheres gostam menos de sexo
atualizado
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Um estudo apresentado durante o encontro anual virtual de 2020 da The North American Menopause Society, que teve início na última segunda-feira (28/9) desmentiu o que pesquisas anteriores afirmavam, que mulheres tendem a perder o interesse em sexo conforme envelhecem.
O artigo mais recente foi feito durante aproximadamente quinze anos, com mais de três mil e duzentas mulheres, e pôde analisar o desejo sexual das participantes ao longo do tempo. Como resultado, constatou que um quarto dessas mulheres consideram o sexo muito importante, independente da idade.
Para a psicóloga da plataforma Sexo Sem Dúvida Desiree Correia, a mudança de método foi fundamental para conseguir uma informação mais precisa.
“É importante dizer que o interesse sexual não se perde, ele muda. Os estudos anteriores compararam o desejo dessas mulheres com um desejo de décadas atrás, quando se era jovem. Esta nova pesquisa permitiu que se acompanhasse a trajetória ao longo dos anos”, explica.
Não generalizar
Outro ponto importante levantado no estudo foi que o declínio do interesse sexual também varia de acordo com outros elementos. “São questões chave para que se mantenha o interesse sexual, e independem de idade”, diz Desiree.
Questão sócio-econômica: “Quanto maior a renda e o sucesso profissional dessa mulher, menos estresse e menos questões para lidar. Com isso, o sexo passa a estar como uma prioridade”.
Etnia: “Quando falamos de etnia, não falamos de uma questão fisiológica, mas sim de fatores sócio-culturais. Mulheres de diferentes grupos culturais têm diferentes formas de lidar com o próprio corpo, se relacionar com o parceiro etc., e isso influencia muito”.
Saúde: “Muitas mulheres passam pela menopausa e têm problemas hormonais nessa fase. Algumas experimentam até dor na hora do ato, então existe uma tendência de algumas não lidarem muito bem com o sexo e diminuírem esse desejo”.
Sexo satisfatório: “Mulheres que têm relações sexuais satisfatórias em torno dos 40 anos tendem a valorizar mais o sexo em idades mais avançadas. Assim como as que têm um relacionamento saudável, com abertura para diálogo”.
Histórico: “Existe o ponto relacionado a questões mentais e emocionais de mulheres que sofreram abusos, traumas e medos, além de ansiedade e depressão. Sem contar os próprios medicamentos para esses problemas, que tendem a baixar a libido”.
Questões morais e sociais: “Ainda hoje, infelizmente, muito se entende que a mulher gostar de sexo, estar interessada, não é algo desejável, bonito ou mesmo correto, e ao longo dos anos isso vai piorando. É um pensamento que ainda está impregnado”.
Sexo é vida
Para a psicóloga, ter informações de como manter a sexualidade saudável depois da meia-idade deve ser uma preocupação desde sempre. “É importante que tenhamos esse entendimento desde jovens, porque podemos produzir mudanças que nos favoreçam ao longo da vida”, diz.
Por fim, Desiree acredita que derrubar – cientificamente – mais um mito sobre a sexualidade feminina é um passo importante.
“Esse estudo pode ter sido uma virada de chave muito importante para toda a sociedade ir quebrando tabus e normalizar o sexo entre pessoas de meia-idade para cima”, afirma.