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Entenda o poliamor e como ter uma boa vida sexual não-monogâmica

Após Willow Smith afirmar ser adepta do poliamor e receber críticas, especialista explica a raiz da resistência às relações liberais

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Poliamor
1 de 1 Poliamor - Foto: Efenzi/Getty Images

Na última semana, Willow Smith, filha de Will e Jada Smith, abriu o jogo sobre sua vida afetiva no Red Table Talk, que apresenta com sua mãe e sua avó, Adrienne Banfield-Norris. Durante o programa, a artista declarou ser adepta do poliamor.

Willow falou sobre a imposição à monogamia que ainda existe na sociedade e ainda apontou lados negativos deste tipo de relação, como a traição.

“Com o poliamor, eu sinto que a base principal é ter a liberdade para criar um estilo de relacionamento que funciona para você, e não apenas entrar em uma relação monogâmica porque todos ao seu redor dizem que é a coisa certa a se fazer”, disse.

Após o programa ir ao ar e ser divulgado nas redes sociais, surgiram diversas críticas à escolha de Willow e à ideia do poliamor. “Promiscuidade”, “desculpa para quem não quer se comprometer” e “adultério” foram alguns dos comentários.

Mas, afinal, o que é o poliamor? De acordo com a psicóloga e especialista em sexualidade do Sexo Sem Dúvida, Carolina Freitas, trata-se de uma relação afetiva e/ou sexual que envolve mais de duas pessoas ao mesmo tempo, independendo de gênero e orientação afetivo-sexual.

Ao contrário do que muita gente tende a pensar, não é algo bagunçado, uma “suruba”, libertinagem ou qualquer coisa do tipo. No poliamor há regras, ética, acordos e consentimentos entre os envolvidos.

“Essas pessoas acreditam que é possível amar mais de uma pessoa ao mesmo tempo. Há amor, vivências afetivas voltadas a mais de uma pessoa, com consentimento dos envolvidos na relação. Não é traição, pois elas se identificam como não-monogâmicas, ou seja, permitem-se vivenciar casos amorosos múltiplos”, diz.

Segundo a terapeuta, muito do preconceito e resistência da sociedade vêm, além da falta de conhecimento sobre o assunto, da concepção do amor romântico, na qual o casal é formado apenas por duas pessoas, de gêneros diferentes, que se complementam e são fiéis.

Ser humano e a não-monogamia

No campo da ciência já existem muitos estudos que apontam para a natureza não-monogâmica do ser humano. De acordo com estas teorias, a monogamia surgiu bem depois que o homem começou a se relacionar, e com o grande peso da igreja com papel de Estado, foi instituída como o modus operandi da sociedade.

Por conta dessas informações e nova consciência por parte das pessoas, existe uma tendência de que, com o passar do tempo, relacionamentos não-monogâmicos passem a ser cada vez mais comuns.

“Isso é o que os estudos da psicanalista Regina Navarro e os atendimentos clínicos têm nos mostrado. Com o amor romântico e a monogamia sendo repensados, a tendência é sim de mudanças nas formas de se relacionar”, afirma.

Contudo, Carolina ressalta que é importante não generalizar e ter respeito a todas as formas de amar – inclusive a monogâmica. “Existem também pessoas monogâmicas que vivem e se relacionam bem em um relacionamento a dois. Precisamos abrir espaço para as diversas formas de se relacionar e estilos de vida, para que todos(as) tenham escolhas, boas relações e vida sexual prazerosa, diz.

Vida sexual poliamorosa

Quando se fala em relacionamento poliamoroso, logo se pensa em algo estritamente sexual. Mas não é o caso. Para provar, Willow Smith afirmou durante o programa que, apesar de ser a única entre seus amigos que é adepta do poliamor, ela é a que menos transa.

E quando há sexo, pode-se pensar que tudo ocorre às mil maravilhas por se ter liberdade de relação com outras pessoas. Mas, assim como em relacionamentos monogâmicos, as dificuldades sexuais aparecem também no poliamor.

Para que as chances de problemas sejam diminuídas e a vida sexual dos envolvidos na relação seja prazerosa, a sexóloga dá uma dica: disponibilidade e boa comunicação. “Apenas desta forma os acordos sexuais dão certo”, garante.

Por fim, Carolina lembra que, no atual momento de pandemia, é importante alinhar também as questões relacionadas aos encontros de pessoas de uma relação poliamorosa que não moram juntas.

“É de extrema importância, caso os encontros aconteçam de forma presencial, tomar medidas como medição de temperatura, verificação de sintomas, uso de álcool e, se possível, testagem. O cuidado consigo e com o outro são imprescindíveis neste momento”, indica.

Para quem não pode ou está receoso com os encontros presenciais, a utilização do sexting e de videochamadas é uma possível solução. Se você não tem muita experiência em fazer sexo a distância, a coluna já deu algumas dicas. Clique aqui para relembrar.

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