“Eles têm ereção?”: neurologista tira dúvidas sobre o sexo dos cadeirantes
Muita gente acredita que cadeirantes não fazem mais sexo ao perder a mobilidade; médico desmente e tira principais dúvidas sobre o assunto
atualizado
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Seja por desconhecimento, seja por puro capacitismo, muitas pessoas têm uma série de crenças equivocadas sobre pessoas que vivem em cadeiras de rodas. Uma das principais mentiras sobre cadeirantes é que eles não podem ter uma vida sexual ativa, saudável e satisfatória.
Isso se deve muito ao fato de que a maioria das pessoas desconhece o funcionamento das funções sexuais após um acidente que causa lesões à medula espinhal. Como parte do Sistema Nervoso Central, ela atua na conexão entre o cérebro e as demais partes do corpo. Por isso, após uma lesão, o paciente pode ficar paraplégico (sem movimentos da cintura para baixo) ou tetraplégico (sem movimentos do pescoço para baixo).
Segundo o neurocientista Fabiano de Abreu, a sensibilidade da genitália e o funcionamento do ciclo de excitação vão depender da gravidade da lesão. Contudo, não é raro que, mesmo sem os movimentos, alguns homens mantenham essa sensibilidade e consigam ter ereções, por exemplo.
“Mesmo quando a sensibilidade na região é prejudicada, o estímulo é capaz de gerar uma ereção como uma espécie de reflexo, mas o simples fato de conseguir ter uma ereção já se torna bastante significativo para a autoestima de muitos homens”, explica.
Como acontece?
As fases da resposta sexual (desejo, excitação, orgasmo e resolução) vão ser modificadas a depender das particularidades de cada caso. Como dito anteriormente, vão existir pacientes que têm ereções e ejaculam normalmente, e outros que perdem a sensibilidade neste sentido.
Mas é preciso lembrar que o sexo começa na cabeça, e o prazer é, principalmente psicológico. Deixando de lado as crenças de uma sociedade falocêntrica (que cultua a penetração como única forma válida de sexo), é mais que possível usar outros estímulos para ter uma vida sexual satisfatória. Afinal, todo o corpo é erógeno.
“Estímulos visuais, auditivos, cheiros e sabores vão ser importantes. O paciente pode ter uma vida sexual ativa e, para isso, é fundamental um acompanhamento multidisciplinar, com cuidados à parte física e psicológica”, indica.