Educação sexual volta para o currículo escolar. Entenda o motivo
Sexólogo explica a importância da educação sexual no desenvolvimento e segurança das crianças e desmente mitos sobre tema
atualizado
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Na última quarta-feira (26/7), o Ministério da Saúde anunciou que educação sexual e reprodutiva volta a fazer parte do programa Saúde na Escola (PSE) na rede pública de ensino.
“Nos últimos anos, os indicadores do programa foram reduzidos apenas a pautas sobre alimentação saudável, prevenção de obesidade e promoção da atividade física”, informa a pasta em nota. A previsão é que mais de 25 milhõe de estudantes sejam atentidos pelo programa.
Apesar de ser um tema que gera muita discussão, especialistas da área da saúde garantem que uma educação sexual de qualidade é primordial, porque não se trata de uma “aula sobre como fazer sexo”, como muitas pessoas pensam.
“Sexualidade é estrutural, não se resume a apenas do comportamento sexual. Ela entra no vivenciar do ser humano nesse mundo, autoconhecimento sobre corpo, nomear sensações, colocar limites… Tudo isso é educação sexual. É muito importante e deveria ser priorizado se a gente quer um desenvolvimento mais saudável das crianças”, explica o terapeuta sexual André Almeida.
Conhecimento é munição contra abusos
A sexualidade ainda é um tabu na sociedade, mesmo entre a adultos. Por isso, quando há a intenção de discutir o assunto na infância e na adolescência, existe uma ideia distorcida de que a educação sexual exporia as crianças a situações para as quais elas não estariam preparadas.
André garante, entretanto, que levar o assunto da forma correta para os jovens os mune de informação sobre comportamentos que podem ser classificados como abuso sexual.
“Educação sexual dá ferramentas importantes para a criança entender principalmente sobre o próprio corpo e limites de contato físico. O abuso, normalmente, não é algo que desperte uma dor física ou que vá machucar a criança. O abusador trata os atos como se fosse um carinho, uma brincadeira. Se o jovem não tiver uma boa educação sexual, só vai compreender muito mais para frente que foi abusado”, afirma.
Educação sexual nas escolas
Sobre a crença de que o tema só deve ser tratado em casa, no momento em que os pais acharem melhor, o psicólogo alerta para o fato de que a maioria dos casos de abuso acontecem dentro de casa, vindo de alguém de confiança, como os pais e tios.
Um levantamento do Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos aponta que, dos mais de 18 mil registros de abuso infantil em 2021, em mais de 8 mil a vítima e o agressor moravam na mesma casa. Por isso, as crianças devem ter informações para se proteger.