Documentário da Netflix exalta o poder sensual do pole dance
Tema do novo filme do serviço, a modalidade, apesar de sexualizada pela sociedade, pode resgatar a autoestima e confiança femininas
atualizado
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Na próxima sexta-feira (5/2), estreia no Netflix o filme Pole Dance: Dança do Poder (Strip Down, Rise Up em seu título original). No formato de documentário, o longa retrata a história de mulheres que procuram a modalidade por diversos motivos e, por meio dela, consegue superar traumas e problemas de imagem corporal.
Com a premissa de que “não é sobre se sentir bonita, é sobre se sentir poderosa”, o filme mostra as diversas faces do pole dance – como dança, arte e esporte – e traz histórias de superação que vão de questões de autoestima até a recuperação da própria identidade após um passado de abusos sexuais.
De acordo com a terapeuta sexual Tâmara Dias, a modalidade, que mistura a força física com movimentos sensuais, tem todo o potencial de empoderar mulheres e fazer com que elas resgatem ou descubram suas autoconfianças.
“Tem pessoas que já esqueceram quem são e a dança as traz de volta para o centro delas mesmas. Elas se conectam novamente, o que traz à tona, além da autoconfiança, tudo que envolve a sexualidade, que é uma energia que nos move, e a maneira como nos vemos. Isso reflete em todas as áreas da vida”, explica.
A brasiliense Larissa Duarte, de 26 anos, está fazendo aulas de pole dance há pouco mais de um mês, mas já consegue sentir diferença em sua autoestima e autoimagem.
“Eu estou vendo mais o meu corpo no espelho, em movimento, e me acostumando com ele. Quando vejo o que ele é capaz de fazer, o acho cada vez mais incrível e automaticamente me amo mais. Me sinto melhor comigo mesma, mais bonita, confiante e sexy. O pole é um mastro, o que dá vida a ele sou eu, é meu corpo. Tudo vem de mim”, conta.
Família pole
Tâmara chama atenção também para o ambiente íntimo e familiar que há em aulas de pole dance. “Cria-se uma irmandade, então não acontecem comparações, não há julgamento. Realmente, muda paradigmas”, diz.
Para Larissa, que desde a infância teve contato com outras modalidades de dança em escolas profissionais da cidade, é justamente na ausência de competições o diferencial do pole.
“Na aula experimental, eu já senti como aquilo poderia ser poderoso. Ninguém te olha da cabeça aos pés, repara se você se depilou. Em um primeiro momento, eu que fui a julgadora e olhei para as meninas para observar como eu deveria me comportar, mas, no meio da aula, me desamarrei e entendi que não era sobre aquilo. As colegas te ajudam a evoluir”, garante.
Sexualidade x sexualização
Por ser uma modalidade que traz movimentos sensuais ao mesmo tempo em que exige pouca roupa, o pole dance ainda é envolto em muito tabu e preconceito por parte de quem o desconhece.
E vale ressaltar que a exigência de tops e shorts curtos no pole dance não está relacionada a qualquer sexualização, mas sim no atrito do corpo com o mastro, que é o que traz firmeza para os praticantes. Se a pessoa estiver de calça, por exemplo, o tecido vai fazer com que ela escorregue.
Segundo Tâmara, ainda que a sexualidade seja uma energia vital e consequentemente uma das áreas que tem melhoras, os benefícios são muito mais profundos. “A autoestima e confiança desenvolvidas mudam a atitude nos momentos de intimidade, e é isso que faz o sexo ser prazeroso. Mas vejo muitas mulheres procurando essas modalidades apenas para fazer algo diferente para o(a) parceiro(a) e, no final, tendo um ganho pessoal muito maior”, aponta.