Crossdresser: conheça o estilo de vida por trás do fetiche
Para além dos fetiches, Camila Briz compartilha o prazer de ser menina
atualizado
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Palavra emprestada do inglês, crossdressing se refere a um fenômeno comum na sociedade e, em síntese, nada mais é que o comportamento de usar roupas do sexo oposto. “Normalmente, a palavra crossdresser é confundida com transexualidade ou travestilidade, mas não há ligação alguma entre essas três categorias”, esclarece Marcos Santos, psicólogo especialista em sexualidade da plataforma Sexo sem Dúvida.
Vale lembrar que, apesar de estar ligado ao meio BDSM, a experiência não necessariamente é sexual embora, muitas vezes, seja inserida nos fetiches do casal, ou de algum parceiro. E independe da cultura ou do sexo. “É simplesmente a pessoa adepta a prática de se vestir, manifestar e usar adereços do sexo oposto. O indivíduo sente bem em fazer uso disso”, continua o especialista.
Ele ressalta que não há regras a ser seguidas, e o fato de ser CD (crossdresser) não obriga ninguém a viver o dia todo dessa forma. “Acontece geralmente com homens casados com filhos, que se apresentam como hétero. Na maioria dos casos, a esposa sabe”, detalha. Para entender esse universo, a Pouca Vergonha ouviu quem vive esse fetiche.
Nasce uma mulher
Rafael*, 34 anos, é crossdresser há mais de 28 anos, mesmo quando ainda nem sabia a nomenclatura para sua vontade de se vestir de garota: “Comecei a me montar aos sete anos de idade. A palavra veio só depois”, conta. Ele personifica Camila Briz há, pelo menos, 17 anos. O início foi em casa, pegando sapatos das irmãs ou experimentando uma meia calça. De repente, a brincadeira virou uma paixão.
Durante a adolescência, Rafael ainda não sabia do que iria gostar, pois se identificava com o gênero masculino, mas era deslumbrado por se vestir de menina. As pesquisas na internet sobre os termos drag queen ou travesti não se encaixavam no que Rafael queria viver. “Quando descobri a palavra crossdressing, me identifiquei”, lembra.
Prazer, Camila Briz
Aos 16 anos, Rafael começou a criar personagens, e logo nasceu Camila: “O Briz é um sobrenome que eu inventei. O nome Camila me fazia sentir uma mulher poderosa”, conta.
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Camila Briz coleciona mais de 3 mil seguidores nas redes sociais, e faz sucesso com homens e mulheres, como uma garota fashion que compartilha diversos looks do dia, sapatos ousados, cliques sensuais e muita dança.
A vida por trás do fetiche
Rafael conta que, no dia a dia, usa cores neutras. Em geral, é mais discreto. Casado e com filhos, ele não esconde da mulher a existência de Camila, mas ela optou por não vivenciar essa experiência com o companheiro. “No meu lado A, me identifico como hétero, mas quando sou Camila, sou bissexual, e é quando surge a vontade de ficar com homem e mulher”, revela.
Alguns desafios fazem parte da rotina. O principal deles, ele recorda, foi ter coragem de entrar em uma loja de roupa feminina, como Rafael, e experimentar algo. “No início foi desafiador, mas hoje já entro, experimento e falo que as roupas e sapatos são para mim”, compartilha.
Além disso, ter uma demarcação entre lado “A” e lado “B” pode causar certa confusão. “Antes era mais demarcado. Colocava a peruca e era Camila. Mas, atualmente, tenho usado muito mais as roupas da Camila. Acredito que hoje seja mais fluido”, revela.
Dica
Por fim, para as pessoas que têm vontade de experimentar o CD, Rafael acredita que esse seja o melhor momento, já que a sociedade está mais receptiva. “Naquele corpo, você pode tudo. Todo mundo deveria experimentar, é a coisa mais incrível que existe”, finaliza.
*Nome fictício a pedido do entrevistado.