metropoles.com

Conheça Dread Hot, a musa do pornô empoderado

Em entrevista, Vitória Schwarzeluhr afirma querer revolucionar o segmento no Brasil e abolir a objetificação da mulher nos filmes adultos

atualizado

Compartilhar notícia

Google News - Metrópoles
Reprodução/Youtube
Dread Hot
1 de 1 Dread Hot - Foto: Reprodução/Youtube

“Oi, meu nome é Dread Hot e eu estou ao vivo no Câmera Privê. Vem me ver, vem”. Se você é consumidor assíduo de entretenimento adulto, essa frase pode soar familiar. A responsável pelo convite tentador  é Vitória Schwarzeluhr, 25 anos, verdadeiro nome de Dread Hot. Foi assim que tudo começou: Em 2016, a paulista abandonou o emprego em uma agência de publicidade, adotou o codinome e passou a atuar no camming – um tipo de conteúdo erótico personalizado. 

Seu canal fez tanto sucesso que o Câmera Privê investiu em anúncios com seu rosto e voz, em vários sites de conteúdo gratuito. Não deu outra. Em três anos, Dread se tornou uma das grandes promessas do pornô brasileiro e um dos rostos mais conhecidos do gênero. 

Além de bater números expressivos em todas as mídias em que atua – são 530 mil seguidores só no Instagram – , ela já recebeu cinco prêmios Sex Hot, o Oscar do pornô brasileiro (o primeiro no ano passado e quatro na edição de 2019); é capa de setembro da revista Sexy, uma das mais importantes do gênero; e comemora o sucesso da própria produtora. 

“Atribuo essa visibilidade a muitas pessoas: à mim, ao Alemão, à minha equipe, à XPlastic, que é a produtora que inspirou tudo isso… Me encontrei como performer e diretora e recebo muitos comentário do tipo ‘mano vi um vídeo teu e tô aprendendo muito sobre mim e minha sexualidade’. Retornos que mostram que tô no caminho certo.”

“Alemão” é como José Castanheira Neto, companheiro de Dread Hot desde antes do camming, tornou-se conhecido. Sim, eles embarcaram juntos nessa e protagonizam cenas quentes, cheias de intimidade e que parecem agradar o público. Apesar de não falar sobre o “salário”, Dread já afirmou que ao largarem os empregos convencionais, a renda média do casal era  R$ 4,5 mil. Um ano depois, ganhavam 10 vezes mais. 

Feminista e empreendedora, a intenção de Vitória é contribuir com o novo pornô –  “alternativo, diferente, saudável e humano”. Em entrevista ao Metrópoles, ela conta sobre a produtora, os novos projetos e revela o que todo mundo quer saber: afinal, atriz pornô goza? Confira! 

Reprodução/Instagram
Vitória na premiação do Sex Hot 2019
Pornô  melhor e consciente

Como e quando foi seu primeiro contato com o pornô?
“Eu tinha uns 12 anos quando tive meu primeiro contato. Lembro que minha mãe estava dormindo, e naquela época tinha filmes adultos passando no Multishow de madrugada. E aí, sem querer, eu vi… Minha família sempre foi religiosa, então aquilo me pareceu errado. Mas eu senti algo”.

E como foi começar a trabalhar com camming?
“Surpreendente. Nunca fui uma pessoa que gostava de se exibir e aparecer. Acho até que eu era um pouco retraída. Então, quando passei a fazer o camming, tive que aprender muito. Foi um crescimento tanto pessoal (como mulher, descobrindo minha sexualidade e meu corpo) quanto profissional. Por conta dele, tive mais liberdade sexual. No início eu tinha preconceito comigo mesma, não falava para as pessoas o que eu fazia. Mas, quando entendi que era uma profissão normal como todas as outras, que eu sou uma mulher com desejos e que as pessoas sentem esses mesmos desejos… eu entrei de cabeça”

 

Ver esta publicação no Instagram

 

Uma publicação partilhada por Vitória Schwarzelühr (@dreadhot) a

Preconceito

E abrir o jogo com a família e os amigos? Rolou algum preconceito?
“No começo foi foda, porque fui criada pela minha mãe e avó. Aí um vídeo meu acabou vazando e fiquei bem assustada. Tive que contar para elas e a galera toda. Fiquei quatro meses sem falar com a minha mãe, até que a gente se acertou. Muitas amizades acabaram caindo fora por preconceito, mas encaro isso positivamente. Soube separar o bom do ruim”.

O pornô é um produto de entretenimento um tanto polêmico e que tem recebido muitas críticas por colocar a mulher num papel desconfortável. Como você avalia esse cenário?
“Não dá para negar que ainda tem muito pornô que objetifica a mulher, prega violência, incesto, necrofilia, enfim. Mas ouço muitos comentários tipo ‘o pornô tem que acabar’, e acho ignorância acreditar que isso de fato possa acontecer. Porque o pornô lida com os desejos mais intrínsecos do ser humano: o sexo, o desejo e a sexualidade. E eles sempre estiveram presentes.

O que a gente deve fazer? Um pornô melhor e consciente. O abuso, o preconceito e o machismo podem existir literalmente em qualquer lugar e são eles que precisam ser banidos, não o pornô. O mundo tem que mudar, as pessoas precisam evoluir.”

Vida amorosa

Como é dividir o trabalho e as cenas com o Alemão, seu namorado na vida real?
“A convivência é intensa, então ao mesmo tempo que é muito bom contar com a ajuda e os conselhos dele, também é um pouco tenso porque brigamos por causa do trabalho. Mas no geral a gente se dá muito bem. Nunca tive uma relação que eu pudesse ser eu mesma e com ele eu posso. Tem muito respeito envolvido”.

Qual o segredo de um relacionamento massa e com a libido sempre em alta? Se é que isso é possível…
“A gente não transa como o pessoal acha que a gente transa, 24 horas por dia e todos os dias da semana (risos). Às vezes eu estou cansada porque trabalhei horas na webcam, e por mais que ele queira, não transo. E tá tudo bem para a gente… às vezes ficamos dias sem transar, para acabar transando em uma cena. Acho que são fases, em algum momento do relacionamento você vai querer transar todos os dias e loucamente, mas em outros vai querer descansar ou focar no trabalho.”

Confira trailer  protagonizado pelo casal:

 

Ver esta publicação no Instagram

 

+1 da @feverfilms com @jc.alemao13 ? dirigido por @j.uliek ??? LINK NA BIO DA @feverfilms

Uma publicação partilhada por Vitória Schwarzelühr (@dreadhot) a

Em frente e por trás das câmeras

Como surgiu a decisão de fundar a sua própria produtora? Tem curtido estar atrás das câmeras?
“Fazer parte desse movimento que quer trazer para o público um pornô bacana de ser consumido é incrível. Comecei fazendo camming e depois fui para o vídeo amador. Na época, eu tinha muito preconceito, porque não conhecia produtoras que faziam algo legal. Até que a XPlastic me chamou para fazer meu primeiro filme, “5 para 1”, e com ele ganhei meu primeiro prêmio Sexy Hot em 2018.

Depois disso, passei a dar mais atenção para o Sexy Hot, porque eles estão num trabalho intenso para mudar o pornô. E se o pornô pode ser mudado… porque não tentar ajudar nessa mudança? Foi aí que decidi abrir a produtora. E, juntos, estamos aprendendo muito.”

Tem algo no pornô convencional que você quer banir da Fever?
“A gente não quer fazer aquele pornô que seja esteticamente feio. Nem aquele em que o homem mal aparece e a mulher está no centro, toda exposta. Abominamos violência – a não ser que seja com profissionais do BDSM e com consentimento, – objetificação da mulher e qualquer tipo de abuso. Prezo pela ética e pela proximidade dos atores e atrizes que atuam com a gente, para aprendermos juntos e fazermos do jeito certo: com bons roteiros e atuações, estética massa e ambiente saudável.”

Vit
Vitória com a camiseta que comercializa pelas redes sociais com a frase que a projetou no universo pornô: “Oi, Eu sou a Dread Hot…”

 

A vez delas no pornô

Você se considera feminista? A Ferver vai produzir pornô feminista?
“Sim, me considero feminista. Não radical, mas me considero. Estou sempre tentando aprender, tentando evoluir e melhorar. Não gosto de dizer que a Fever faz um pornô feminista, porqueas pessoas se assustam e destilam preconceito.

Então, digo que estamos tentando fazer algo alternativo, diferente, saudável e humano. Queremos fazer algo inclusivo e sem padrões de beleza, corpo ou gênero. Então vai ter LGBT, vai ter negro, vai ter BBW. Desejo é desejo, amor é amor, corpo é corpo. É isso.”

O conservadorismo assusta você enquanto empresária do sexo? E enquanto mulher?
“Quando o mundo sofre repressão a arte grita. Quando algo não está certo, a arte grita. Historicamente, a arte sempre se levantou e bateu de frente quando algo no mundo estava errado. Então acredito que faz todo sentido a Fever surgir num momento como esse, porque estamos vivendo uma época de crise, de desserviço, de preconceito. Isso tudo me assusta, mas não me oprime.”

O que você tem feito para evitar que as atrizes passem por algum constrangimento/abuso?
“A gente criou um código interno entre produtor, diretor e quem está gravando. Normalmente, com quem nunca gravou, gravou pouco ou não é tão experiente. É uma maneira de se comunicar durante as gravações para que role de parar se alguém estiver sentindo desconforto ou qualquer outra coisa negativa”.

Afinal, as mulheres gozam no pornô? É real?
Sim, é real. Eu já gozei, inclusive. Claro que existe gozada fake, orgasmo fingido, mas acontece sim da cena estar gostosa e intensa e acabar rolando o orgasmo.

 

6 imagens
"Quero fazer um pornô melhor e mais consciente", afirma
Ela tem 26 anos e é uma das grandes promessas do pornô brasileiro
Hoje, atua em várias plataformas, fala sobre assuntos diversos - incluindo relacionamentos -, além de ser performer, diretora e criadora da Fever Films
Ela não revela quanto ganha
Antes de começar a atuar no camming, Dread Hot trabalhava com publicidade
1 de 6

Dread Hot e o namorado, Alemão

Reprodução/Facebook
2 de 6

"Quero fazer um pornô melhor e mais consciente", afirma

Reprodução/Instagram
3 de 6

Ela tem 26 anos e é uma das grandes promessas do pornô brasileiro

Reprodução/Instagram
4 de 6

Hoje, atua em várias plataformas, fala sobre assuntos diversos - incluindo relacionamentos -, além de ser performer, diretora e criadora da Fever Films

Reprodução/Instagram
5 de 6

Ela não revela quanto ganha

Reprodução/Instagram
6 de 6

Antes de começar a atuar no camming, Dread Hot trabalhava com publicidade

Reprodução/Instagram
“Fora da indústria curto muito a Anitta”

Quem te inspira?
“Dentro da indústria, me inspiro muito na Emme White, May Medeiros, Clara Aguilar e Raquel Pacheco (Bruna Surfistinha). São mulheres que tem uma história de vida interessante e um caráter bacana. Fora da indústria curto a Anitta, acho ela uma mulher empoderada. Internacionalmente, gosto da Erika Lust, produtora incrível e que serve de inspiração para mim na Fever”

E os planos para o futuro?
“Estou vivendo um momento incrível e vou focar na minha produtora. Quero concorrer em festivais gringos, mandar nosso material para a Erika Lust e levar nossos filmes para a Europa. Enfim, quero que a Fever seja cada vez mais conhecida. Em paralelo, vou continuar fazendo meus vídeos no YouTube, para impactar cada vez mais pessoas. Também vou lançar uma música – nem acredito que isso é real (risos) – e o clipe vai sair no XVideos. Por enquanto é surpresa. Mas tem muita coisa pela frente”.

Quais assuntos você deseja receber?

Ícone de sino para notificações

Parece que seu browser não está permitindo notificações. Siga os passos a baixo para habilitá-las:

1.

Ícone de ajustes do navegador

Mais opções no Google Chrome

2.

Ícone de configurações

Configurações

3.

Configurações do site

4.

Ícone de sino para notificações

Notificações

5.

Ícone de alternância ligado para notificações

Os sites podem pedir para enviar notificações

metropoles.comNotícias Gerais

Você quer ficar por dentro das notícias mais importantes e receber notificações em tempo real?