Caso Coringa e Arlequina: como descobrir se vivo uma relação tóxica?
Situações como as que os personagens Coringa e Arlequina vivem não acontecem apenas nas telonas, mas também na vida real
atualizado
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Uma das estreias mais esperadas do ano, Coringa: Delírio a Dois retrata a história de Coringa e Arlequina e seu conturbado relacionamento. Para quem acha que situações como as que o casal vive só acontecem na ficção está muito enganado. Entender e reconhecer os traços tóxicos de uma relação podem ser essenciais para sair de certos episódios e evitar ficar como a personagem dos quadrinhos.
Toda relação tóxica costuma começar da mesma maneira: pautada em cima do controle, que é uma forma de violência que pode começar de maneira sutil.
A psicóloga especialista em relacionamento Bruna Dandara detalha que as relações tóxicas costumam dar sinais sutis desde o início. “Às vezes, começam com desrespeitos, controle excessivo, ou seja, com proibições em diversos níveis, desde a roupa em que está usando, até a frequência com a qual pode ver certas pessoas, seja amigos ou parentes, causando dessa forma um isolamento social.”
“Outro traço de uma relação tóxica são as críticas excessivas. Nunca ou quase nunca há um reforço das qualidades, são sempre características que devem ser ajustadas ou melhoradas”, acrescenta a profissional.
Como identificar uma relação tóxica?
Apesar da palavra “violência” ser geralmente atrelada à agressão física, existem diversas outras formas em que o abuso pode se fazer presente em um relacionamento. A psicóloga também aponta que é importante analisar como a pessoa tem se sentido nesta relação.
Com o tempo, um relacionamento tóxico pode evoluir e trazer diversas consequências que podem afetar o bem estar das pessoas envolvidas ou até se tornar uma relação abusiva.
“Quando você começa a “pisar em ovos” para falar sobre praticamente qualquer assunto, pois sabe que dali irá gerar uma discussão e isso te deixa ansiosa ou ansioso a todo instante é um exemplo. Outro ponto é quando nenhum dos seus limites são respeitados, há um ciúme excessivo causando, assim, cada vez mais um desgaste mental por estar sempre tendo que se justificar ou se afastar das pessoas”, exemplifica a profissional.
Como sair de um relacionamento abusivo?
De fora, pode parecer muito fácil enxergar que alguém precisa se afastar de um relacionamento abusivo. Mas, o caminho inverso nem sempre é tão simples.
Por isso, Bruna afirma que o primeiro movimento a ser feito é reconhecer que está em uma relação tóxica e compreender que aquilo está atrapalhando a saúde mental e a vida como um todo.
O segundo passo, de acordo com Bruna, é ver com a rede de apoio, seja amigos ou familiares, se tem algum lugar que possa ir. O terceiro movimento, também muito importante, é procurar ajuda psicológica. A terapia vai ajudar a entender o que foi vivido e a se desprender das amarras que o relacionamento abusivo criou.
Como se curar de uma relação tóxica?
Se reconhecer o problema é complicado, sair dele tende a ser ainda mais difícil — mas não é impossível. Para lidar com o rompimento, é essencial o apoio da família e amigos, além do apoio psicológico.
A psicóloga argumenta que a terapia é essencial, pois é um espaço no qual a pessoa poderá entender tudo o que passou, o porquê dessa relação ter chegado ao fim, e saber, no futuro, identificar os traços tóxicos em uma outra possível relação.
“Outro ponto fundamental para uma cura é não dar espaço para recaídas. Pessoas tóxicas em uma relação sabem ser muito manipuladoras, então, é importante que se crie uma distância e que essa pessoa não consiga te acessar”, recomenda a psicóloga.
A profissional frisa ainda que, neste momento, é essencial a pessoa se priorizar. “Por muitas vezes em uma relação tóxica, a autoestima é minada de todas as formas por esse outro, então, é interessante que se busque ter mais momentos sozinha/sozinho, busque se reconectar consigo, voltar a fazer atividades que gostava, mas que, por conta dessa relação, acabou deixando de lado, rever amigos que não encontra há um tempo.”