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Caso Argentina: distribuir lubrificante é estratégia de saúde pública?

Após o polêmico gasto do país com a distribuição de lubrificantes para a população, saiba se o produto é, de fato, questão de saúde pública

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Foto: Megan Madden / Refinery29 for Getty Images/Getty Images
Mão com lubrificante escorrendo - Metrópoles
1 de 1 Mão com lubrificante escorrendo - Metrópoles - Foto: Foto: Megan Madden / Refinery29 for Getty Images/Getty Images

Na última semana, a Argentina virou assunto mundial por conta do programa social Haceme Tuyo (faça-me seu, em tradução livre). A iniciativa gastou, em tempos de crise econômica, 500 milhões de pesos argentinos, o equivalente a R$ 15 milhões, na compra de lubrificantes íntimos para distribuir à população.

Apesar de ter recebido críticas, o ministro da saúde de Buenos Aires e responsável pelo programa, Nicolás Kreplak, comemorou no Twitter a repercussão do caso, que fez com que a busca por “gel lubrificante” aumentasse na internet. “Hoje, mais argentinos e argentinas sabem para que serve e como usar um gel lubrificante. Mais informação é mais acesso e prevenção”, celebrou.

Com a repercussão, também surgiu a dúvida: o uso de lubrificante íntimo no sexo é, de fato, um costume benéfico à saúde pública? O argumento do governo argentino é de que o produto reduz as chances de rompimento de camisinhas e, consequentemente evita a transmissão de doenças. De acordo com a psicóloga e sexóloga Alessandra Araújo, algumas patologias e disfunções sexuais – principalmente femininas – têm como maior aliado o lubrificante.

“Contudo, apesar de diminuir a chance de rompimento, não é todo lubrificante que combina com camisinha. Prefira opções à base d’água ou silicone para ter mais segurança, uma vez que o produto à base de óleo causa o efeito contrário e facilita o rompimento do preservativo”, alerta.

Saúde pública e distribuição no Brasil

A especialista elucida que, sim, a conscientização sobre o uso de lubrificantes está diretamente relacionada à saúde pública. Uma vez que ele auxilia no bem-estar humano e, eventualmente, pode ser usado até mesmo em casos clínicos, é importante que existam políticas públicas que o incluam.

“Ter uma relação sexual satisfatória para ambos possibilita muito mais vínculo e intimidade. Tendo esses dois ‘ingredientes’, a responsabilidade sobre meu corpo e o corpo do outro aumenta muito”, diz a especialista, que defende a adoção de um kit completo. “Camisinha e lubrificante caminham juntos. Quando se olha a saúde sexual sem preconceitos, tratamos doenças psicossomáticas e curamos traumas”, defende.

Além de camisinha em diversos pontos do país, o Sistema Único de Saúde (SUS) disponibiliza gel lubrificante de forma gratuita em unidades da Rede Municipal Especializada em IST/Aids e também em postos de saúde que oferecem hormonização a pessoas trans.

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