Bifobia e falocentrismo: o que envelheceu mal em Sex and the City?
Embora seja aclamada por uma legião de fãs, a série Sex and the City envelheceu mal e pode ser problemática em algumas questões
atualizado
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Sex and the City foi um marco dos anos 1990. As amigas Carrie, Samantha, Charlotte e Miranda conquisatam uma legião de fãs, que mantêm até a atualidade. Ainda que, à época, tenha sido considerada um brado de liberdade para mulheres por conta de pautas como sexo, solteirice e independência financeira, o fato é que diversos aspectos da trama — que agora está disponível na Netflix — podem ser considerados problemáticos em 2024.
Para além do estereótipo caricato das mulheres, que pela ótica da série parecem ter como único hobbie comprar sapatos e falar de homens como se suas vidas girassem em torno disso, algumas questões específicas envolvendo relacionamentos e sexo envelheceram mal com a virada do século.
Confira algumas situações de Sex and the City que, com o tempo, ficaram ultrapassadas:
Relacionamento de Carrie e Big
Encabeçando a lista, talvez o tópico mais problemático e que se estende durante toda a série: o relacionamento de Carrie e Big. Apesar de ser o casal principal e ser romantizado e retratado como um amor intenso e cheio de emoção, os dois passam toda a trama fazendo mal um ao outro e às pessoas que os rodeiam.
Mentiras, idas e vindas, traições, jogos emocionais, entre tantos outros fatores que permeiam a relação de Carrie e Big são comuns na vida real e podem aparecer pontualmente, inclusive, em relacionamentos saudáveis. Mas a série os romantiza a ponto de mostrar Carrie “entediada” em um relacionamento bom e tranquilo com outra pessoa que a trata bem e não gera tanta ansiedade.
Bifobia
Ainda hoje os bissexuais são vistos como “indecisos” para muitas pessoas, mas esse estereótipo foi reforçado em Sex and the City algumas vezes. Um dos exemplos é quando Carrie se envolve com um homem interessante, mas passa a descredibilizá-lo no momento em que ele afirma ser bissexual.
Em um dos diálogos com as amigas, ela chega a afirmar que não acredita que bissexualidade exista, e que, na verdade, isso é “apenas uma escala para a Cidade dos Gays”. No fim do episódio, a protagonista dá um bolo no ficante em uma festa — diz que vai fumar e não volta mais.
Falocentrismo
É fato que a série retrata muito da sexualidade, sex toys, desejo e prazer feminino. Contudo, muito disso gira em torno dos homens e da ideia de como eles seriam o principal foco de toda a questão.
Em um dado momento, as amigas chegam a inferir em uma conversa de que o sexo lésbico não seria sexo de verdade, afinal, não tinha penetração. Agora, já se sabe que toda e qualquer prática sexual e de troca de prazer é sexo.
Liberdade sexual, mas nem tanto
Entre as quatro amigas, existe uma escala de “liberdade sexual” que vai da mais conservadora — Charlotte — à mais liberal — Samantha. Embora elas convivam bem e dividam histórias de suas aventuras sexuais, o fato é que ainda é possível enxergar julgamento das próprias amigas direcionados a Samantha.
Em um episódio, Carrie, que se apresenta como uma das menos conservadoras das amigas, acaba brigando com Samantha por julgá-la ao ver a amiga fazendo sexo oral em um homem em seu escritório. A protagonista afirma, em tom condenatório, que nunca faria isso.