Beijo grego: por que o prazer anal ainda é tabu?
Após vídeo íntimo do ex-BBB Wagner Santiago vazar, especialistas explicam porquê a prática ainda é cheia de mitos
atualizado
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Entra ano, sai ano, entra fetiche, sai fetiche e uma coisa não muda (ainda): os tabus relacionados ao prazer anal. Vez ou outra, alguns debates são reascendidos e ganham força. O assunto do momento é o beijo grego. Amado por muitos, desconhecido por alguns, a prática caiu na boca da galera da internet no início dessa semana. Isso porque, o ex-BBB Wagner Santiago teve um vídeo íntimo vazado nas redes.
No vídeo em questão, ele recebia um quentíssimo beijo grego. O combo ex-BBB e vídeo íntimo já dá o que falar entre os internautas. Mas a repercussão se deu por conta ainda de um tabu que rodeia essa parte do corpo.
No Twitter, os comentários giraram em torno da prática ser considerada polêmica. Mas também teve quem foi didático e explicou que não havia motivos para tanto alarde:
NÃO SEI PQ TODO ESSE ALARDE SOBRE O WAGNER SANTIAGO RECEBER UMA LAMBIDA NO SEU ** SENDO QUE É UMA DAS PARTES QUE HOMENS NO GERAL SENTE MAIS PRAZER… SÉCULO 21 E AINDA TEM GENTE ACHANDO COISA DE OUTRO MUNDO HOMENS MESMO SENDO HÉTEROS QUERER SENTIR PRAZER!!! AiAi VIU pic.twitter.com/Hz1TjahEtj
— insta: alexallexandre (@beyrro) August 9, 2021
A Pouca Vergonha procurou especialistas para entender porquê o assunto ainda é tão polêmico.
O tabu anal é antigo
De acordo com o terapeuta sexual André Almeida, são duas grandes questões que atravessam esse tema e faz com que ainda seja um mito. E para entender, é preciso voltar ao século XIX: “Teóricos conservadores começaram a estudar o sexo e classificaram como algo não saudável os comportamentos que não eram para fim reprodutivos e isso talvez gerou preconceito em cima de práticas que não envolva sexo com penetração” explica.
Depois disso, foi normatizado que o sexo anal não era bem visto. O segundo ponto que faz com que o tema gere tanta polêmica é o machismo que gira em torno do ânus: “Homens entendem que a interação com o ânus pode prejudicar a masculinidade de alguma forma”, esclarece.
Para o especialista, isso não passa de uma visão errada, já que prazer anal não muda a orientação sexual de ninguém: “Então de um lado temos uma ideia puritana de como o sexo deve ser, e do outro lado o homem não pode se colocar numa posição de passividade”, desmistifica, e esclarece que esse combo gera todo o tabu relacionado ao prazer anal.
A terapeuta Thalita Cesário concorda e acrescenta: “As pessoas ainda não se permitiram experimentar práticas não-convencionais, além de de serem extremamente preconceituosas. Tudo o que foge do “convencional” ou que é “diferente” incomoda quem não conhece ou se permitiu conhecer”, comenta.
O famoso beijo grego
De acordo com os especialistas, a prática proporciona prazer tanto em homens como em mulheres, já que o ânus é uma zona erógena: “Uma vez que o ânus é rodeado de terminações nervosas, e todos tem ânus, ambos com características semelhantes, pensar que somente mulher ou homossexual sentem prazer é um tanto machista e preconceituoso”, esclarece Thalita.
Testando
Ficou curioso e quer tentar? Os especialistas esclarecem que se os envolvidos toparem, não sentir nojo e estiverem disponíveis, vale experimentar.
O primeiro passo é higienizar a área, depois vá devagar: “Comece interagindo com a região das nádegas, dê uns beijos, passe a mão e vá chegando na região anal de acordo com o conforto dos envolvidos”, orienta André.
Está tudo bem não ter vontade, existem outras áreas orgásticas no corpo. Mas não deixe de experimentar por preconceito: “Isso não vai mudar nem atingir sua sexualidade”, reforça o especialista.