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Barebacking: entenda os riscos da roleta-russa do sexo anal

Iniciada na década de 1980 com o pretexto da adrenalina, prática ganhou mais adeptos à medida em que o tratamento do HIV avança

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Barebacking
1 de 1 Barebacking - Foto: Foto: 1001nights/Getty Images

Já ouviu falar em barebacking? No maior estilo “roleta-russa”, trata-se da prática de sexo anal sem camisinha, em que, consentidamente, ambas as partes têm consciência de que podem pegar uma infecção sexualmente transmissível, ou mesmo o vírus do HIV.

O HIV foi o “foco” da prática quando surgiu nos anos 1980. E, de acordo com o terapeuta sexual André Almeida, estudos associam os avanços do tratamento da Aids como um dos motivos do aumento do movimento. “As pessoas perderam um pouco o medo da exposição”, explica.

Essa adrenalina de se expor ao perigo, o psicólogo aponta, é o principal motivador dos adeptos. Apesar de disfuncional, não chega a ser um distúrbio. “Só é considerado distúrbio se a pessoa só conseguir se excitar com a presença daquele estímulo da adrenalina”, diz.

Liberdade x responsabilidade

É fato que todos têm direito à liberdade sexual, mas André deixa claro: desde que isso não interfira no direito no outro. No caso do barebacking, há consentimento de todas as partes.

“Quando duas pessoas consentem transar sem camisinha sabendo da roleta russa, que alguma delas pode ter HIV ou alguma IST, sabendo dos riscos e os assumindo, é liberdade sexual”, diz.

O grande problema, no fim das contas, é o impacto na saúde pública. Apenas em 2019, gastou-se R$1,8 bilhão na compra de remédios para pacientes com HIV no Brasil. Quanto a isso, o terapeuta diz que não resta muito o que fazer. “Não dá para controlar o que as pessoas fazem, mas a gente pode conscientizá-las”, aponta.

Tão importante é o papel da conscientização, que não dá para colocar nas costas do barebacking a conta do HIV. Já que sexo inseguro acontece todos os dias nos mais variados contextos.

“Isso acontece muito no meio hétero, por exemplo. As pessoas não fazem testagem. Depois de um ou dois meses de namoro, simplesmente tiram a camisinha e começam a fazer sexo desprotegido no pretexto de ‘se conhecerem’”, afirma.

Preconceito

Ao longo do tempo, houve uma associação por parte da sociedade da comunidade LGBTQI+ ao vírus do HIV. Isso insiste em acontecer ainda nos dias de hoje e acaba por se confundir também com o barebacking.

Mas ainda que o termo tenha surgido em meio à comunidade gay dos anos 1980, o barebacking pode ser praticado por todos aqueles que optam pelo sexo anal – independente de orientação sexual. “Qualquer um pode transmitir o HIV”, lembra André.

Prevenção

Como no contexto o “usem sempre camisinha” vai ser um pedido não atendido, o sexólogo faz um apelo para que os adeptos pelo menos diminuam as chances de infecção.

“De repente é interessante tomar uma PrEP, que é o comprimido pré-exposição ao vírus, ou a PEP, que é o comprimido pós. É uma das soluções, mas a melhor delas ainda é a camisinha”, finaliza.

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