Aliada ou vilã? Como o consumo de pornografia pode afetar sua relação
Terapeuta sexual explica como o consumo de pornografia e de conteúdos adultos pode impactar as dinâmicas dentro de um relacionamento
atualizado
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A pornografia nunca esteve tão acessível. É difícil pensar em alguma rede social que não possibilite minimamente o acesso a conteúdos adultos. Por conta da facilidade para encontrar esse tipo de material on-line, muitos relacionamentos acabam afetados pela dinâmica dos conteúdos pornográficos.
A sexóloga e terapeuta sexual cognitiva Gabriela Bochi aponta que assistir pornografia em si não é um problema. O que é válido, no entanto, é se questionar se o hábito não está afetando negativamente as suas relações reais.
“É importante a pessoa analisar se a sua relação com a pornografia está atrapalhando a conexão com a parceria, se só consegue ter orgasmos e tesão com certos estímulos e se o excesso está atrapalhando a vida pessoal e profissional, além da amorosa”, inicia a profissional.
Gabriela também salienta que o comportamento em relação ao pornô deve ter tratado com uma ótica diferente de outros vícios. “A pornografia é uma expressão saudável de sexualidade, e há diversas pessoas que gostam e usam o estímulo para a masturbação, o que é também saudável.” O problema se dá, de fato, nos excessos.
Assistir pornografia é traição?
Em meio a uma era de relacionamentos fluidos e liberdade sexual, será que consumir conteúdo adulto pode ser considerado traição? Gabriela destaca que, atualmente, o conceito de traição também se torna mais amplo.
Com os novos modelos de relacionamento, é necessário que o casal converse e alinhe expectativas, bem como deixe claro se a pornografia pode ou não ter espaço no relacionamento.
Para alguns casais, o consumo de pornô pode ser considerado como uma forma de expressão de prazer individual, enquanto para outros, esse tipo de prática pode significar uma quebra de confiança.
“O casal tem que conversar: ‘Isso me incomoda, eu me sinto traída, quando você faz isso me deixa triste’, ou algo assim. Ao mesmo tempo, as pessoas precisam entender a individualidade dentro dos relacionamentos e que momentos sozinhos são importantes”, orienta.
Pornografia como uma compulsão
Pesquisadores da Universidade Federal do Paraná descobriram que pessoas que consomem pornografia regularmente e tentam parar de forma repentina podem enfrentar sintomas físicos semelhantes aos da abstinência de drogas, como dores de cabeça, calafrios e náuseas. O estudo foi publicado no Journal of Addiction Medicine.
De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), o transtorno pode ser classificado como PPU, que significa um transtorno de comportamento sexual compulsivo. A condição se caracteriza pela incapacidade de controlar impulsos e vontades sexuais intensas e repetitivas, levando o indivíduo a negligenciar relacionamentos, saúde pessoal, interesses e responsabilidades.